Confiança dos consumidores aumenta em julho. Empresários esperam alívio dos preços

Os consumidores estão mais confiantes e tanto estes como as empresas antecipam um alívio na inflação. A indústria transformadora e o comércio parecem ver mais nuvens no horizonte.

A confiança dos consumidores melhorou em julho, depois de ter recuado no mês anterior, avançou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). E tanto estes como os empresários antecipam uma descida generalizada dos preços nos próximos meses em Portugal, após terem sido registados máximos em junho na construção e obras públicas.

O indicador de confiança dos consumidores aumentou em julho, após ter diminuído no mês anterior, mantendo-se num patamar relativamente estável desde a queda abrupta registada em março, a segunda mais intensa da série, só superada pela de abril de 2020 no início da pandemia”, adianta o gabinete de estatística.

Esta recuperação é explicada, sobretudo, pelo “contributo positivo das expectativas relativas à evolução futura da realização de compras importantes por parte das famílias”, bem como pelas “perspetivas sobre a situação económica do país”. Ainda assim, as opiniões e as expectativas relativas à situação financeira do agregado familiar contribuíram negativamente para este indicador.

Entre os vários setores analisados, a indústria transformadora e o comércio parecem ver mais nuvens no horizonte, mas a confiança no setor da construção “aumentou significativamente” em julho. No que toca à indústria transformadora, a queda na confiança observada em julho, “deveu-se ao contributo negativo das apreciações relativas aos stocks de produtos acabados”.

Não obstante, apesar da indústria transformadora estar menos confiante devido à redução da procura atual, as empresas antecipam aumentos de produção nos próximos três meses, sobretudo ao nível dos bens intermédios, onde o indicador salta de 3,9 em junho para 7 em julho. Mas a expectativa é de quebra dos preços. É preciso recuar a setembro de 2021 para encontrar um saldo relativo às expectativas de preços mais baixo.

Já no que toca ao comércio, o indicador de confiança diminuiu na sequência dos “contributos negativos das opiniões sobre o volume de vendas”, sendo que no que toca ao comércio a retalho é preciso recuar a julho de 2021 para encontrar um nível de confiança mais baixo. Também aqui, os empresários antecipam uma quebra dos preços.

Em contrapartida, a confiança no setor da construção “aumentou significativamente” em julho, “interrompendo o movimento descendente iniciado em fevereiro” adianta o INE. Esta melhoria resultou das “apreciações sobre a carteira de encomendas”, bem como das “perspetivas de emprego, mais intenso no último caso”, sendo mais evidente nas “nas divisões de promoção imobiliária e construção de edifícios e de atividades especializadas de construção”, mas caiu na engenharia civil. A par da indústria transformadora e do comércio, também no setor da construção, os empresários antecipam uma queda dos preços ” nos próximos três meses“, após “ter registado em junho o valor máximo da série”.

Empresários e consumidores preveem queda nos preços

Neste contexto, globalmente, o saldo das opiniões sobre a evolução passada dos preços dos consumidores, numa altura em que se vive num contexto de inflação a acelerar, “aumentou nos últimos dez meses, prolongando a trajetória acentuadamente ascendente iniciada em março de 2021 e atingindo o valor máximo da série”, nota o INE. Já olhando para o futuro, o saldo das perspetivas relativas à evolução dos preços diminuiu em julho, “retomando a trajetória descendente observada após ter registado em março o maior aumento e o valor mais elevado da série iniciada em setembro de 1997”.

A par com os consumidores, também os empresários antecipam uma descida generalizada dos preços nos próximos meses em Portugal em “todos os setores” e após terem sido sido registados máximos em junho no setor da construção e obras públicas, em abril na indústria transformadora e serviços, bem como em março (o primeiro mês completo após a invasão da Rússia à Ucrânia) no comércio, conclui o INE.

Além da confiança dos consumidores, também o indicador de clima económico aumentou em julho, após dois meses consecutivos a recuar. No entanto, este indicador continua “num nível inferior ao observado em fevereiro quando tinha atingido o máximo desde março de 2019”.

Sentimento económico com fortes recuos em julho na UE e na Zona Euro

O sentimento económico registou fortes recuos em julho, tanto na UE (-4,2 pontos), como na zona euro (-4,5), acompanhado de uma quebra das expectativas de emprego, de -3,6 e -3,2 pontos, respetivamente, revelou a Comissão Europeia.

Em julho, segundo dados da direção-geral dos Assuntos Económicos e Financeiros do executivo comunitário, o indicador do sentimento económico desceu para os 97,6 pontos na UE e para os 99 no espaço da moeda única, situando-se agora abaixo da média de longo prazo (de 100 pontos, para o período 2000-2021).

Já quanto ao indicador das expectativas de emprego, recuou para os 106,6 no conjunto dos 27 Estados-membros e para os 107,0 pontos na Zona Euro, mas neste caso ainda acima da média de longo prazo.

De acordo com os serviços do executivo comunitário, a forte queda no indicador de sentimento económico em julho deve-se a “perdas significativas na indústria, serviços, comércio retalhista e confiança dos consumidores”.

Considerando as seis maiores economias da UE, o indicador sofreu fortes quedas em quatro, designadamente Espanha (-5,0 pontos), Alemanha (-4,9), Itália (-3,4) e Polónia (-3,2), mantendo-se relativamente estável em França (-0,1 pontos) e nos Países Baixos (+0,2).

Por seu lado, o recuo no indicador das expectativas de emprego foi impulsionado por uma deterioração dos planos de emprego nos setores do comércio a retalho e serviços, e, em menor escala, na indústria.

(Notícia atualizada às 12h459 com os dados da Comissão Europeia)

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