Portugal tenta acordo com Espanha para comboio elétrico até Vigo

No curto prazo, CP negoceia com Renfe para que o mesmo comboio possa funcionar debaixo de diferentes tensões elétricas. No longo prazo, Portugal quer que Espanha mude a catenária ferroviária.

Portugal e Espanha estão a negociar um acordo para que o mesmo comboio elétrico circule entre Porto e Vigo apesar da diferente tensão na catenária dos dois lados da fronteira. Antes disso, a partir desta quinta-feira, há novas carruagens para o serviço interregional na Linha do Minho.

A situação pode transformar o comboio Celta, que circula com uma automotora diesel alugado a Espanha apesar de toda a linha estar eletrificada. No entanto, entre Porto e Valença, a catenária funciona a 25 mil volts; do lado espanhol, até Vigo, a tensão é de 3 mil volts.

O impasse pode ser resolvido de duas maneiras: no curto prazo, a Renfe pode utilizar a locomotiva elétrica da série 252, compatível com as diferentes tensões na rede ferroviária ibérica; no longo prazo, está a ser negociada a hipótese de Espanha adotar a tensão de 25 mil volts entre a fronteira e Vigo, seguindo os padrões europeus, adiantou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

“Não temos comboios bi-tensão. Eles [Renfe] têm. Mas há um trabalho a fazer com o Governo espanhol. A mudança de tensão do lado espanhol não seria um investimento extraordinário”, comentou o ministro.

A partir desta quinta-feira, o serviço interregional da Linha do Minho passa a contar com carruagens Arco, que pertencem ao lote de 50 unidades que a CP comprou aos espanhóis da Renfe por 1,5 milhões de euros em junho de 2020.

A CP vai pôr em marcha as carruagens Arco em conjuntos de três unidades: uma carruagem de segunda classe (80 lugares sentados), uma carruagem de primeira classe (56 lugares sentados) e ainda a composição-bar, que inclui espaço para oito bicicletas (25 lugares sentados).

Conforme estiverem totalmente renovadas, as carruagens Arco vão substituir as unidades Corail, habitualmente ao serviço no comboio Intercidades. Para já, estão prontas seis de 34 composições Arco.

Ensaio das carruagens Arco junto à estação de Leandro. Foto: Gil Ismael MonteiroGil Ismael Monteiro

A compra e renovação de cada carruagem custou um total de 186 mil euros; se fosse comprada como nova, o preço de mercado poderia atingir até 1,3 milhões de euros, assinalou o presidente em exercício do conselho de administração da CP, Pedro Moreira.

As carruagens Arco são rebocadas por locomotivas 2600, resgatadas a partir do final de 2019 e que foram recuperadas nas oficinas da CP. Sem esse processo, “estaríamos a operar material diesel debaixo de catenária”, assinalou Pedro Moreira.

A Linha do Minho está totalmente eletrificada desde o final de abril de 2021, depois de uma intervenção feita ao abrigo do plano de investimentos Ferrovia 2020.

Graças aos comboios elétricos, houve mais 23% de passageiros na Linha do Minho no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, antes da pandemia.

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