Holanda: Centro-direita derrota extrema-direita com metade dos votos contados

Com 75% dos votos apurados, o centro-direita holandeses derrotaram a extrema-direita de Wilders na Holanda. A confirmar-se, o atual primeiro-ministro continuará em funções.

“Esta foi a noite em que a Holanda disse não ao tipo errado de populismo”, afirmou o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Dos 150 lugares no Parlamento, o seu partido de centro-direita terá ficado com 31 deputados. Apesar de ter perdido garantidamente dez deputados, já é apontado como o grande vencedor das eleições legislativas.

Com 75% dos votos já estão contados e o partido de centro direita de Mark Rutte continua a liderar a corrida, com destacada vantagem.

Já o partido de Geert Wilders, o PVV, surge em segundo lugar, com 13% dos votos (ou seja, 19 deputados) e os democratas cristãos seguem no encalço com 12,5%. As anteriores sondagens avançada pelo Die Zeit, citado pelo The Guardian, colocavam-nos em segundo lugar. Já os Democratas 66, que estiveram em ex-aequo com o PVV em terceiro lugar caem para quarto lugar com 12%. Mas as diferenças entre partidos são muito curtas para que haja certezas entre vencedores e vencidos. Além disso, tudo aponta para que sejam o Democratas 66, com os seus 19 deputados, a formar coligação com o VVD de Mark Rutte, mesmo que seja numa coligação minoritária, avança a Bloomberg.

Tudo aponta para que o PVV não venha a integrar qualquer coligação governamental, já que todos os grandes partidos estão, à partida, a excluir a possibilidade de trabalhar com a extrema-direita. Contudo, isso não impediu Wilder de também se declarar vitorioso. Num twett, o líder de extrema-direita sublinhou que, uma vez que o VVD perdeu deputados e o PVV ganhou, o seu partido estava “entre os vencedores”. E acrescentou: “Se todos os perdedores como o VVD formarem Governo, então teremos de ter uma forte oposição de vencedores como o PVV”.

Os Verdes, o partido ambientalista de esquerda, também se declararam vencedores da noite já que as estimativas apontam para que o partido quadruplique o número de deputados para 16, com 9,3% dos votos. O partido do jovem líder, Jesse Klaver, pode assim ser uma boa hipótese de parceiro de coligação. Já o partido social-democrata trabalhista (PvdA), o atual parceiro de coligação de Rutte, parecia apontar para um resultado historicamente mau, assegurando apenas nove lugares contra os atuais 38.

“A nossa mensagem para a Holanda é a de que manteremos o nosso rumo e este país a salvo, estável e próspero”, disse o primeiro-ministro Rutte a uma multidão de apoiantes, nesta noite eleitoral. Aos olhos da Europa, esta foi mais do que uma eleição, acrescentou o responsável. “Muitos colegas europeus têm-me telefonado esta noite: esta era uma noite que, depois do Brexit e de Trump, a Holanda disse não ao tipo errado de populismo”.

As várias reações que vão chegando dos diferentes líderes internacionais também corroboram esta análise. Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia confirmou que o presidente da Comissão Jean-Claude Juncker já tinha falado com Rutte felicitando-o pela sua “clara vitória”. Juncker aplaudiu o voto dos eleitores holandeses “contra os extremistas”.

Também o Presidente francês, François Hollande, já felicitou Rutte sublinhando que “os valores da abertura, respeito pelos outros e fé no futuro da Europa são a única verdadeira resposta aos impulsos nacionalistas e isolacionismo que estão a abalar o mundo”. Recorde-se que também França vai ter eleições presidenciais este ano — a campanha eleitoral começa no próximo mês — e tudo aponta para um eventual bom resultado da candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, que quer travar a imigração e até sair da União Europeia.

Tanto Rutte como como Wilders definiram as eleições holandesas como uma batalha entre a política institucional e as ideias populistas. Por isso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, frisou que o resultado é positivo para uma “Europa mais forte”.

Perante estes resultados o leque de opções de Rutte para formar coligação é muito grande — pode dar-se o caso de ter de juntar três ou quatro partidos para conseguir a maioria de 76 lugares — e é quase certo que as negociações vão levar meses: a média na Holanda são três meses e o recorde mais de 200 dias, revela o Guardian.

Ora antes que as negociações para a formação de uma nova coligação orçamental se iniciem estar quinta-feira, o ainda primeiro-ministro holandês, quando questionado sobre o que iria fazer respondeu: “lecionar”.

Até agora o Governo era constituído entre centro-direita e os trabalhistas. Mas dada a queda de 29 deputados dos trabalhistas holandeses, o partido de centro-direita vai ter de encontrar outros parceiros de coligação para chegaram a uma maioria no Parlamento. Os 26,2% do atual primeiro-ministro Mark Rutte indicam que a disputa diplomática com a Turquia foi proveitosa, dado que aumentou o resultado face às sondagens anteriores.

Segundo as mesmas projeções oficiais da Ipsos, a afluência às urnas foi a maior de há 31 anos: 82%.

(Notícia em atualização)

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