França rejeita a construção de gasoduto que liga Península Ibérica ao resto da Europa
Governo de Macron rejeita a construção do gasoduto que liga a Península Ibérica à Europa através de França, argumentando que a solução para a crise energética é a construção de mais terminais GNL.
O governo de Emmanuel Macron não se deixou convencer pelos apelos do chanceler alemão Olaf Sholz e rejeitou a proposta de construção de um novo gasoduto que liga a Península Ibérica à Europa, através de França.
De acordo com a notícia avançada esta quinta-feira pelo El País, o Ministério da Transição Energética de França, liderado por Agnès Pannier-Runacher, argumentou que um projeto de tal dimensão exigiria vários anos até estar concluído e que, por isso, não seria capaz de dar resposta à atual crise energética.
“Tal projeto exigiria, em qualquer caso, muitos anos para estar operacional (o tempo de estudos e obras para esse tipo de infraestrutura levam sempre muitos anos) e não responderia, então, à crise atual”, cita o jornal espanhol a nota do executivo francês, contrariando as declarações da ministra da Transição Energética espanhola que dizia, na semana passada, que uma ligação nos Pirenéus podia ficar pronta em menos de um ano, se França quiser.
Além do tempo, o Ministério a Transição Energética francês argumenta que a construção de um novo gasoduto prejudicaria as metas climáticas. “Antes de embarcar na construção de novos gasodutos”, cita o El País a mensagem de Pannier-Runacher, “devemos também integrar os desafios climáticos, pois o nosso objetivo é prescindir dos combustíveis fósseis até 2050″. E acrescenta: “Para estar à altura tanto do desafio energético atual como do desafio climático, teremos que reduzir o nosso consumo de gás e acelerar o desenvolvimento de energias livres de carbono”.
Mesmo enumerando as objeções, a ministra não fecha, por completo, a porta ao tema, salientando que a construção de um novo gasoduto “deve ser objeto de um diálogo entre os Estados-membros afetados para ter em conta o que está em jogo e o que é essencial no que diz respeito à solidariedade e nossos objetivos climáticos”.
A alternativa, sugere Paris, seria a construção de terminais para navios que transportem gás natural liquefeito (GNL) de países do Golfo Pérsico ou dos Estados Unidos. A vantagem, segundo a mesma fonte, é que os chamados terminais de GNL exigem “investimentos menores e mais rápidos”.
A ideia da construção de um novo gasoduto que atravessa os Pirenéus entre Espanha e França voltou a ser tema de debate depois de o chanceler alemão ter lançado o apelo a fim de libertar a Europa da dependência energética da Rússia. “Este gasoduto iria aliviar massivamente a situação atual do abastecimento”, assinalou o chefe do Governo alemão.
Da parte da Comissão Europeia, António Costa garantiu que a obra está a ser analisada e que está em cima da mesa a possibilidade de fazer a ligação através de Itália. O primeiro-ministro relembrou que a interligação entre a Península ibérica e a Europa é “uma ambição antiga”, acordada pelo menos desde 2014, e que “tanto Portugal como Espanha têm insistido como é absolutamente prioritária a construção deste gasoduto”. No entanto, as referidas interconexões têm-se confrontado com uma dificuldade, as implicações ambientais que França tem invocado na bacia dos Pirinéus.
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