Como posicionar Portugal como um país (profissionalmente) competitivo?
Perante o mercado de trabalho mais competitivo de que há memória, como podem as empresas captar e fidelizar os profissionais e, consequentemente, tornar Portugal um país competitivo?
Portugal caiu seis posições no ranking de competitividade global, ocupando agora a 42.ª posição, segundo a análise divulgada pelo IMD World Competitiveness Center (WCC). De acordo com esta análise, a descida é justificada pelas quebras em quatro grandes indicadores: desempenho económico, infraestruturas, eficiência governativa e eficiência empresarial. No caso destas duas últimas, o país encontra-se em declínio em medidas verdadeiramente relevantes como a classificação de crédito, a eficácia da sua burocracia e, principalmente, nos indicadores de atração e retenção de talentos.
Explorando, em particular, a questão da atração e retenção de talentos, a pandemia, apesar de todas as consequências negativas, veio impulsionar uma grande mudança de paradigma no que diz respeito ao local de trabalho, seja pela adoção dos modelos de trabalho híbrido ou, em muitos casos, pela própria extinção do formato presencial. No setor das Tecnologias de Informação (TI), resultou num maior número de trabalhadores a trabalhar a partir de casa, mas para empresas de outros países – quase um quinto dos profissionais de TI em Portugal (18,6%) estão a trabalhar remotamente para empresas de outros países, de acordo com um estudo da Landing.jobs. Esta preferência, recai, também, pelo nível salarial praticado pelas empresas que contratam a partir de outros países, na medida em que quem trabalha para fora de Portugal ganha cerca de 46,8% mais do que quem trabalha para empresas locais, revela o Global Tech Talent Trends 2022.
Nesta era, em que a inovação e a tecnologia estão na ordem do dia, e uma vez que estamos perante o mercado de trabalho mais competitivo de que há memória, como podem as empresas captar e fidelizar os profissionais e, consequentemente, tornar Portugal um país competitivo? Nos últimos três anos, o número de portugueses que trabalham nas TI passou dos 66.200 para os 111.300, um crescimento de 68 por cento, de acordo com o Instituto de Estatística Europeu. No entanto, continua a estar abaixo da média europeia, muito devido à falta de profissionais qualificados a trabalhar no país, bem como pela própria escassez de talento que existe neste setor. Tendo em conta este cenário, torna-se evidente que, para sermos mais competitivos, temos de apostar em modelos complementares de ensino que permitam aos profissionais de outras áreas reconverter as suas carreiras e envergar, com as bases necessárias, pelo universo das TI – sendo que, de acordo com o World Economic Forum, e até 2025, metade dos trabalhadores em todo o mundo vão precisar de fazer programas de requalificação de competências.
Para concretizar estas ações de reskilling, e até upskilling, devemos, em conjunto, pensar em soluções que ajudem a mitigar esta escassez, seja através de cursos, bootcamps ou programas de formação. Temos, como bons exemplos, a iniciativa europeia “Reskilling 4 Employment”, que pretende requalificar um milhão de profissionais no desemprego ou em profissões em risco na Europa; o UPSkill – Digital Skills & Jobs, um programa Dinamizado pela APDC, o Estado e a Academia, que não só qualifica as pessoas com competências em TI, como assegura emprego na área; a Brighter Future da Fundação José Neves, uma plataforma que reúne uma vasta quantidade de recursos relevantes para jovens, mas também adultos, que querem tomar decisões mais informadas relativamente ao seu futuro; entre outros. Adicionalmente, e porque é importante trazer este tema para a agenda nacional, existem, também, eventos que têm como objetivo debater estas mesmas temáticas, como o Future.Works Lisbon 22, agendado para 7 e 8 de outubro.
Tendo como base iniciativas deste género, que são cada vez mais comuns e acessíveis, conseguimos, seja através do reskilling, ou do próprio upskilling, impulsionar o talento nacional, responder à lacuna que existe entre a elevada oferta para a fraca procura e, consequentemente, tornar Portugal um país (profissionalmente) competitivo.
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