Fantasma de aumento de capital paira sobre a Cimpor, ações tombam 17%

Ações da cimenteira portuguesa registam maior queda em quatro meses depois de anunciar aumento de capital de 2.000 milhões de euros. Analistas falam em "claro caso de empresa em aflição".

A Cimpor CPR 0,00% está a viver uma semana terrível. Apresentou prejuízos de 788 milhões de euros perante o forte impacto das imparidades no Brasil. Ao mesmo tempo, anunciou que quer prolongar o prazo para aumentar o capital na ordem dos 2.000 milhões de euros. O analista Felix Brunotte, o único analista que ainda acompanha a cimenteira portuguesa, fala em “claro caso de empresa em aflição”. As ações registaram esta quinta-feira maior queda desde novembro de 2016.

A cimenteira fechou hoje a cair 8,16% para 0,349 euros, acumulando a quarta sessão de quedas consecutiva, um ciclo que já levou a cotada a perder mais de 17% do seu valor só esta semana. Ainda assim, desde o início do ano, o título mantém-se com ganhos de 43%, um dos melhores desempenhos em Lisboa.

Este desempenho negativo surge na mesma semana em que a Cimpor reportou contas ao mercado. E as novidades não foram muito positivas. Agravou em 10 vezes os prejuízos, com a divisão brasileira a representar imparidades de 584 milhões de euros. E apresentou uma queda das receitas em 26% e do EBITDA em 33%.

Adicionalmente, entre as propostas que administração liderada por Ricardo Lima vai propor à assembleia geral de acionistas da Cimpor, detida em mais de 90% pelos brasileiros da Camargo Correa, estão a conversão das ações da empresa em ações sem valor nominal e o prolongamento do prazo para poder realizar um ou mais aumentos de capital até um total de 2.000 milhões de euros.

"A Cimpor é um claramente um caso de empresa em aflição. Acreditamos que, se o refinanciamento falhar, um elevado aumento de capital é uma possibilidade.”

Felix Brunotte

Alphavalue

“A Cimpor é um claramente um caso de empresa em aflição”, refere o analista Felix Brunotte, do Alphavalue, a única casa de investimento que ainda acompanha a cimenteira — atribui um preço-alvo de 0,81 euros, com um potencial de valorização de de mais de 100%. “Acreditamos que, se o refinanciamento falhar, um elevado aumento de capital é uma possibilidade. Por agora, decidimos não considerar este cenário desastroso e mantemos o nosso cenário central: estamos no fundo do ciclo da indústria cimenteira no Brasil, devendo ocorrer uma rápida recuperação, o que não é um cenário conservador”, explica Bunotte.

Para o Alphavalue, a atual cotação da Cimpor encontra-se enfraquecida. Ainda assim, “se a empresa evitar um aumento de capital fortemente diluitivo em 2017, a avaliação poderá convergir no médio e longo prazo em direção à nossa avaliação”, diz Brunotte.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Fantasma de aumento de capital paira sobre a Cimpor, ações tombam 17%

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião