Administradora indigitada para BdP garante “idoneidade” apesar de colaboração com PS
“É certo que colaborei com o PS, publicamente, no cenário macroeconómico", disse Francisca Guedes de Oliveira, que o fez "sempre na qualidade de técnica, não foi nunca numa qualidade política”.
A administradora indigitada para o Banco de Portugal (BdP) Francisca Guedes de Oliveira rejeitou esta terça-feira que a colaboração que manteve com o Partido Socialista (PS) afete a sua “idoneidade e independência”, garantindo que sempre atuou “na qualidade de técnica”.
“É certo que colaborei com o Partido Socialista, publicamente, no cenário macroeconómico, e não escondo que já participei em outros fóruns de discussão, sempre na qualidade de técnica, não foi nunca numa qualidade política”, afirmou a professora da Católica Porto Business School durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) da Assembleia da República. “Não que tivesse algum problema pessoal de o ser [numa qualidade política], mas porque vi sempre a minha intervenção como uma intervenção cívica”, acrescentou.
A audição decorreu no âmbito da indigitação de Francisca Guedes de Oliveira para o cargo de administradora do Conselho de Administração do BdP, já que a sua designação pelo Conselho de Ministros dependente de parecer prévio da COF.
Francisca Guedes de Oliveira apontou os “conhecimentos e competências técnicas” que possui como estando na base deste seu “desempenho cívico”, mas defendeu que “isso não interfere em nada” na “isenção” que tem demonstrado nas funções que desempenhou até hoje, nomeadamente na AICEP. “Todos temos proximidades mais ou menos ideológicas, mais ou menos óbvias, com direita, esquerda, PS, PSD ou outros partidos do nosso sistema. A verdade é que o facto de, no meu caso, ser público torna isso muito mais fácil de escrutinar e acho que isso é positivo”, enfatizou.
“Garanto que, como em toda a minha atividade até hoje – nomeadamente nas aulas de macroeconomia, em que, às vezes, é difícil ser isenta para que os alunos percebam que eu não estou a dizer que algo é bom ou é mau –, a isenção faz parte da minha forma de ser e de estar e vejo sempre as minhas intervenções mais como cívicas do que como políticas”, acrescentou.
Em resposta a questões dos deputados, a futura administradora destacou o “papel de representação e de ter uma voz que se ouça” que o Banco de Portugal tem na zona euro e no Eurossistema de bancos centrais, afirmando acreditar que “em particular, este governador [do BdP, Mário Centeno], é a pessoa certa para ter essa voz e para ser capaz de fazer a defesa de Portugal e da zona euro de forma eficaz e conseguida”.
Francisca Guedes Oliveira considerou ainda que “é preciso estar-se muito atento à concentração bancária e ao que possa trazer de ónus para os cidadãos”, já que “a concorrência protege, de um modo geral, os consumidores”, mas reconheceu que, “por outro lado, bancos demasiado pequenos e um sistema demasiado desagregado é um sistema mais frágil”. “Portanto, temos que conseguir um equilíbrio que proteja quem nós queremos proteger, garantindo a resiliência do sistema, o que não é fácil, obviamente, e acho que o BdP pode ter aqui um papel muito importante”, rematou.
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