Novobanco prepara “reestruturações e vendas” para baixar crédito malparado

Mark Bourke aponta à redução do rácio de créditos sem desempenho, combinando "reestruturações e vendas”. Sucessor de Ramalho quer “ter o banco em boa forma”, enquanto Lone Star procura comprador.

Está “a muito curta distância” a meta de 5% para o crédito malparado fixada pelo Novobanco, que deve ser atingida ainda este ano. A garantia foi dada pelo novo CEO, Mark Bourke, que projeta já a fase seguinte de redução do rácio para um valor entre 3% a 4%, “em dois a três anos”, através de uma “combinação de reestruturações individuais e vendas do portefólio”.

As declarações do sucessor de António Ramalho foram feitas numa entrevista à Bloomberg TV realizada esta terça-feira. A 30 de junho, no final de um semestre em que os lucros aumentaram 94% em termos homólogos, o rácio de créditos sem desempenho (NPL na sigla inglesa) era de 5,4% (isto é, abaixo dos 5,7% de dezembro de 2021 e dos 7,3% do final dos primeiros seis meses do ano passado).

Questionado sobre os efeitos que a atual conjuntura já estão a ter sobre esse indicador, com destaque para a subida acentuada das taxas de juro e a instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia, o gestor respondeu que, seja sob o ponto de vista do banco ou da economia portuguesa, “não [vê] um aumento significativo do stress na formação de NPL” — que, a acontecer, seria “uma experiência partilhada entre os bancos”.

Outra das principais missões que o gestor irlandês tem pela frente é preparar a venda do banco. A Lone Star empregou 1.000 milhões de euros no Novobanco para ficar com uma participação de 75% em 2017, e pretende recuperar o dinheiro investido. O Fundo de Resolução e também o Governo são partes interessadas devido às participações de 23,4% e 1,6% que também detêm na instituição financeira.

Acompanha os contactos dos acionistas americanos, sendo uma sociedade de private equity, com potenciais compradores? “Não, absolutamente”, respondeu Mark Bourke na mesma entrevista. O CEO sublinha que a missão da equipa de gestão que lidera é “preparar o banco e assegurar que o [tem] em boa forma para o que vier a acontecer”, enquanto “os acionistas falam com muitas pessoas”. “Do nosso ponto de vista, o importante é sermos independentes, sustentáveis e competitivos, pois é isso que faz com que possamos ter o destino nas nossas próprias mãos”, ilustrou.

2021 já tinha marcado o virar de página para o Novobanco, depois de milhões e milhões de euros de prejuízos. No ano passado, a instituição financeira registou um lucro de 184,5 milhões de euros. Ainda assim, uma gota no oceano de perdas acumuladas desde a resolução do BES. Depois desse primeiro resultado positivo em 2021, somou um lucro de 140 milhões no primeiro trimestre deste ano, tendo mantido a tendência de crescimento nos três meses até junho.

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