Like & Dislike: Tomás Correia deve sair do Montepio? Sim
Dezembro, janeiro, fevereiro, março. Esperemos que o calendário de Tomás Correia não tenha 12 meses.
À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta. Ao presidente da Montepio Geral Associação Mutualista não basta ser honesto, tem de parecer honesto.
Nos últimos meses, à razão de uma por mês, têm saído notícias envolvendo Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, com uma gravidade tal que é com perplexidade que vemos que o responsável da instituição ainda não saiu pelo próprio pé.
Vamos começar a folhear o calendário:
Dezembro
O jornal Público noticia que o Banco de Portugal deduziu acusações contra a Caixa Económica Montepio Geral e ainda contra Tomás Correia, o anterior presidente, por não ter introduzido atempadamente os procedimentos necessários ao controlo de movimentos financeiros ilícitos.
Janeiro
O Expresso revela que Tomás Correia está a ser investigado pela justiça por alegadamente ter recebido 1,5 milhões de euros de José Guilherme, construtor civil da Amadora que ficou conhecido por ter dado 14 milhões de dólares “de presente” a Ricardo Salgado. A notícia contava ainda que o ex-banqueiro foi implicado num novo inquérito-crime do DCIAP sobre burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção”.
Fevereiro
O jornal Público conta que Tomás Correia e outras 14 pessoas foram constituídos arguidos. Sobre eles recaem suspeitas de insolvência dolosa e de burla qualificada, emissão de cheques sem provisão e outras acusações quejandas num negócio a envolver um terreno em Coimbra.
Março
Esta semana foi a vez de o Jornal de Negócios noticiar que Tomás Correia e oito ex-gestores da Caixa Económica Montepio foram acusados pelo Banco de Portugal de irregularidades graves. Em causa estarão alegadamente financiamentos a empresas do grupo GES, numa altura em que o grupo já estava em dificuldades evidentes. Além disso, o banco terá dado um empréstimo a Paulo Guilherme (o filho de José Guilherme), tendo este usado o dinheiro para comprar uma posição no próprio Montepio.
O calendário de Tomás Correia tem doze meses?
Dezembro, janeiro, fevereiro e março. Nem o calendário da Pirelli tem meses assim com tanta atividade. Ainda falta abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e dezembro para terminar o ano. Esperemos que o calendário de Tomás Correia não tenha 12 meses.
Neste momento, o grupo — o banco e a associação — voltou à ribalta com notícias relacionadas com as contas deficitárias da Associação, com alertas do Banco de Portugal sobre o perfil de risco do banco e com operações contabilísticas criativas de legalidade duvidosa no terceiro trimestre, com o objetivo de alindar o balanço.
O que os mutualistas e os clientes do banco precisam nesta altura é de confiança, um bem que começa a escassear no universo Montepio. A propósito das notícias do calendário do mês de março, Tomás Correia já veio dizer que “se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer atos ilícitos, abdicarei do exercício das minhas funções”.
É um direito que lhe assiste. Mas até lá, se não sair pelo próprio pé, e se continuar a posar mensalmente no calendário das notícias suspeitas, vai continuar a desbaratar a confiança de uma instituição com 176 anos de histórias para contar. E esta, a de Tomás Correia, não é uma de que se orgulhe de contar.
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