UE reforça proteção de infraestruturas críticas contra risco de sabotagem

A proposta de reforço de proteção será debatida esta semana na Comissão Europeia. Decisão surge depois dos alegados ataques ao Nord Stream 1 e 2.

A União Europeia (UE) vai aumentar os esforços para proteger infraestruturas críticas de riscos de sabotagem. De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, esta segunda-feira, esta estratégia vai ter em conta infraestruturas energéticas, como gasodutos ou torres de transmissão de eletricidade, mas irá abranger também outros setores-chave como o das telecomunicações, transportes e aerospacial.

Segundo uma versão preliminar de um documento a que a agência noticiosa teve acesso, e que irá ser debatido esta semana na Comissão Europeia, o executivo comunitário irá também pedir que a cooperação entre Estados-membros seja reforçada em caso de crises futuras.

“A agressão da Rússia contra a Ucrânia trouxe um novo conjunto de ameaças, muitas vezes combinadas num ataque híbrido”, cita a Bloomberg o documento da Comissão Europeia. “Isso tornou-se descaradamente óbvio com a aparente sabotagem dos gasodutos Nord Stream”.

O reforço da estratégia de proteção surge na sequência dos dois alegados ataques ao Nord Stream 1 e 2, gasodutos que permitem à Rússia enviar gás para a Europa, através da Alemanha. Ao todo, foram contabilizados quatro ataques (duas em cada infraestrutura) e as autoridades suecas apontam que as ruturas terão sido causadas por detonações.

Da parte da Rússia foi garantida total cooperação no apuramento dos factos, no entanto Vladimir Putin atribui as culpas aos Estados Unidos classificando o ataque como “ato de terrorismo”.

“Os beneficiários são claros (…) Porque [estes incidentes] reforçam a importância geopolítica dos sistemas de gás, nomeadamente aqueles que passam pelo território da Polónia (…) e da Ucrânia, e que a Rússia construiu por conta própria. Mas também são importantes para os Estados Unidos, que agora podem distribuir a sua energia a preços elevados”, explicou Putin, durante um fórum de energia.

O apuramento das causas e os respetivos trabalhos de reparação nas quatro ruturas do Nord Stream 1 e 2 poderão demorar “várias semanas, ou até mesmo meses”, estimam os professores ouvidos pelo ECO/Capital Verde, numa altura em que o bloco europeu está há um mês sem receber gás da Rússia.

As autoridades europeias e internacionais têm apontado para a hipótese de sabotagem, possivelmente, da autoria de um agente estatal. “Este tipo de condutas marítimas é feito de cimento e tem uma espessura significativa, com uma profundidade relativamente elevada. Se tivesse sido uma [rutura], até poderíamos pensar num evento catastrófico, ou inesperado, mas quatro ruturas, num espaço de tempo curto, em duas infraestruturas separadas, sugere que pode ter havido uma ação intencional”, argumenta o professor do Instituto Superior Técnico, Carlos Santos Silva.

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