Santander fecha banco na Madeira após prejuízos de 25 milhões em cinco anos

Banco Madesant, o banco de investimento do grupo Santander na Zona Franca da Madeira, fechou portas no mês passado, depois de uma "redução drástica" do negócio. Teve prejuízos de 25 milhões em 5 anos.

O grupo Santander fechou o seu banco de investimento na Madeira, o Banco Madesant, criado em 1994, depois de uma “redução drástica” do seu negócio nos últimos anos, tendo acumulado prejuízos de 25 milhões de euros desde 2017.

Com sede na Zona Franca, o banco viu as principais atividades a que se dedica a desaparecerem “progressivamente”, segundo adianta nas contas do ano passado, razão pela qual avançou com um processo ordenado de dissolução e liquidação. O ECO insistiu junto do banco em Portugal sobre as implicações deste fecho, mas não obteve uma resposta.

Financiado essencialmente pelas entidades do grupo Santander, o Banco Madesant tinha três negócios principais e que estavam a definhar por diferentes razões: concessão de crédito, negociação por conta própria e gestão de carteiras por conta de outrem.

No caso da concessão de crédito, a instituição agora liquidada viu a sua atividade altamente condicionada pela política expansiva do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos anos, que fez com que as suas habituais contrapartes procurassem financiamento junto do banco central em detrimento do banco. O Banco Madesant contava com uma inversão da política do BCE no ano passado, que não veio a acontecer, e, num último esforço, ainda tentou procurar negócio junto de sociedades sem acesso aos fundos do banco central. Não teve sucesso e a liquidez do banco — que devia estar a gerar receitas com juros — permaneceu na gaveta.

Por outro lado, o banco – que era liderado por Norberto Quindós – também teve de reduzir a negociação de títulos por conta própria quando percebeu que aumento do risco da atividade “já não se enquadrava nos parâmetros” habituais.

Quanto à gestão de carteiras por conta de outrem, já em 2018 tinha solicitado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) o registo para o exercício da atividade depois de concluir que não tinha sustentabilidade.

Madesant com prejuízos de 25 milhões nos últimos 5 anos

Fonte: Banco

1,2 mil milhões parados

O ano de 2021 evidenciou as dificuldades que o Banco Madesant, detido a 100% pela Aljardi SGPS, uma sociedade inserida no grupo Santander, já vinha sentindo nos anos anteriores.

Somou prejuízos de mais de três milhões de euros, o quinto ano seguido de perdas. Apresentou desempenhos negativos na margem financeira (-200 mil euros), por conta de ter 1,2 mil milhões de euros em depósitos e apenas um milhão de euros emprestados, e nos outros resultados de exploração (-300 mil euros, perdas que resultam sobretudo do pagamento das contribuições do setor bancário e das contribuições para os fundos de resolução). As despesas com pessoal (o quadro conta com oito efetivos) atingiram os 1,8 milhões.

Face a este cenário de definhamento, o banco comunicou em janeiro ao Departamento de Supervisão Bancária do Banco de Portugal que ia iniciar um processo de liquidação da sociedade. A dissolução veio a ocorrer no final do mês passado.

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