Iniciativa Liberal tem dúvidas sobre corredor de energia com França
“Gostava de ver as contas e gostava de ver a componente técnica desta decisão que para já não é pública”, afirmou João Cotrim Figueiredo.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, manifestou hoje dúvidas sobre o acordo entre Portugal, Espanha e França para acelerar as interconexões ibéricas, desde logo quanto ao financiamento e a questões técnicas.
“Temos ainda, para já, dúvidas. Por um lado qual é a base de financiamento que vai ser usada. Não se trata só do gasoduto entre Barcelona e Marselha por via marítima, trata-se também da ligação de Portugal até à fronteira, Zamora. Não está prevista. Como é que será feito o financiamento?”, referiu, em declarações à agência Lusa, o líder da IL, à margem da iniciativa “Rotas Liberais”, em Cascais, no distrito de Lisboa.
Os governos de Portugal, França e Espanha alcançaram esta semana um acordo para acelerar as interconexões ibéricas, abandonando o projeto existente, destinado apenas ao gás, por um outro que prevê um gasoduto marítimo para transportar também hidrogénio ‘verde’.
Segundo João Cotrim Figueiredo, “aquilo que conduziu a uma maior abertura da parte francesa a aceitar este acordo teve a ver com o futuro transporte de hidrogénio”, havendo “enormes dúvidas sobre o que é que fica a montante desse transporte”, ou seja, a produção do hidrogénio e a forma como isso também é financiado, além do tipo de energia que será usada para fazer a produção de hidrogénio ‘verde’.
“Estas dúvidas não nos permitem ainda responder se é uma boa ou má ideia. Agora, de um ponto de vista geral, apoiamos sempre tudo o que seja abertura de mercados”, referiu. Por isso, na análise do líder liberal, este acordo poderá “ser uma coisa boa, resolvidos os problemas de financiamento e os problemas técnicos que ainda levantam muitas dúvidas”.
“Gostava de ver as contas e gostava de ver a componente técnica desta decisão que para já não é pública”, afirmou. Já hoje o vice-presidente do PSD Paulo Rangel considerou que este acordo anunciado por António Costa é mau, argumentando que Portugal perdeu na eletricidade e no gás face a França e Espanha.
António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron decidiram na quinta-feira avançar com um “Corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).
O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde BarMar serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, em Alicante, Espanha.
De acordo com o texto acordado, a que a Lusa teve acesso, os ministros da Energia dos três países – que também estiveram presentes na reunião – irão começar imediatamente o trabalho preparatório para avançar com o BarMar e também sobre o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, “em ligação estreita com a Comissão Europeia”.
Os dois primeiros-ministros ibéricos e o Presidente francês acordaram ainda na necessidade de “concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa)”.
As infraestruturas que serão criadas para a distribuição de hidrogénio “deverão ser tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como fonte temporária e transitória de energia”.
António Costa considerou que o acordo permite “ultrapassar um bloqueio histórico” relativamente às interconexões ibéricas para gás e eletricidade.
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