BE avisa que esperar solução da banca para créditos à habitação “é um enorme risco”
"Se alguém tiver esquecido, eu lembro que a banca nunca se importou muito em criar crises imobiliárias", disse Catarina Martins.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, avisou esta segunda-feira o Governo que esperar pela solução da banca para resolver o problema dos créditos à habitação “é um risco enorme” para as famílias, defendendo a obrigação legal de renegociação dos contratos.
“Eu registo que o primeiro-ministro espera que o problema venha a estar resolvido no futuro se a banca tiver boa vontade”, respondeu Catarina Martins aos jornalistas quando questionada sobre as declarações de António Costa a propósito das medidas para combater o impacto do aumento dos juros nos créditos habitação.
Na opinião da líder do BE, “ficar à espera que a banca traga uma solução é um risco enorme para o país e é abandonar as famílias que estão numa situação tão difícil”. “Até porque, se alguém tiver esquecido, eu lembro que a banca nunca se importou muito em criar crises imobiliárias. O que já aprendemos no passado é quando há uma crise imobiliária, as famílias perdem as casas e os bancos ficam à espera que os contribuintes os salvem”, afirmou.
Catarina Martins quer prevenir a repetição desta situação e por isso defende que é necessário “do ponto de vista legal a banca fosse obrigada à renegociação dos contratos”. “Da mesma forma que subiu os spreads quando os juros baixaram, deve ser agora obrigada a baixar os spreads e a renegociar outras condições, como prazos por exemplo, para garantir que a taxa de esforço que a taxa de esforço das famílias não aumenta de forma abrupta, ou seja, garantir que ninguém perde a sua casa”, defendeu.
O primeiro-ministro considerou que o impacto do aumento dos juros nos créditos à habitação está a ser acompanhado pelo Governo e deve ser encarado sem dramatismo, mas pediu prudência na atuação do Banco Central Europeu (BCE).
De acordo com António Costa, por parte dos bancos, tem-se também verificado uma clara vontade de encontrar por via negocial com os clientes “as melhores formas de acomodarem o impacto da subida das taxas de juro”, e referiu que já no período da pandemia houve tensão em torno desta questão dos créditos à habitação e o problema “foi ultrapassado” igualmente por negociação.
“Vamos aprovar um diploma que favorece essa negociação e elimina os custos associados a essa negociação. Portanto, acho que devemos encarar sem dramatismo a situação que estamos a viver”, enfatizou.
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