Oi propõe converter dívida em ações. Prejuízos anuais agravam-se
Empresa aprovou ajustes ao plano de recuperação judicial pelo qual os obrigacionistas poderão acabar a deter uma fatia de 38% da maior operadora do Brasil. Contas de 2016 não são animadoras.
A Oi apresentou esta quarta-feira ajustes ao plano de recuperação judicial. Entre os novos termos está a proposta de oferecer aos obrigacionistas uma parcela de 25% da empresa e a conversão de dívida em ações, uma operação que poderá pôr nas mãos dos obrigacionistas uma “fatia” de até 38% da maior operadora do Brasil. A informação é conhecida no mesmo dia em que a Oi fechou as contas de 2016 com um prejuízo na ordem dos 2,14 mil milhões de euros, superiores aos registados no ano anterior.
A empresa tem vindo a empenhar esforços para resolver o problema dos cerca de 17,6 mil milhões de euros de dívidas aos credores. Nos novos termos, e a somar à oferta dos 25%, os bondholders (investidores que compraram títulos de dívida da Oi) poderão ainda trocar 1,18 mil milhões de euros em bilhetes por uma parcela adicional de até 17% da firma após um período de três anos. Os obrigacionistas detêm bilhetes avaliados em cerca de 9,6 mil milhões de euros no total.
De acordo com a Bloomberg, esta operação de conversão de dívida em ações irá diluir as ações da Oi, pelo que os obrigacionistas poderão acabar a deter 38% da companhia. A firma terá a opção de amortizar a totalidade da dívida convertível antes da mesma atingir a maturidade.
A nova proposta prevê também que a Oi emita novos títulos aos atuais obrigacionistas no valor de 838,5 milhões de euros, com maturidade de dez anos que oferecem uma taxa de 6%. De recordar que, embora aprovados em Conselho de Administração, estes ajustes precisam ainda de luz verde da Justiça brasileira e, mais importante ainda, dos próprios credores.
Antes mesmo da confirmação da proposta, quando a generalidade da imprensa ainda citava informações de fontes anónimas, já o jornal O Globo noticiava que boa parte dos credores se estaria a preparar para rejeitar a proposta por não ser suficientemente “interessante”. Mesmo que, na prática, a ideia seja a de passar para as mãos dos obrigacionistas um terço da empresa.
Oi agrava prejuízos anuais
Esta quarta-feira, a operadora brasileira também apresentou contas relativas a 2016, agravando os prejuízos e registando um resultado líquido negativo na ordem dos 2,14 mil milhões de euros, mais 140 milhões de euros do que em 2015. A receita líquida consolidada também caiu 5% em cadeia, totalizando 7,78 milhões de euros. No entanto, em 2016, o prejuízo líquido antes dos impostos foi 47% menor do que em 2015, fixando-se em pouco mais de 958 milhões de euros.
Ao nível do último trimestre, o cenário é um pouco mais animador. Ainda que a Oi tenha tido um prejuízo líquido de 988 milhões de euros nesses três meses, é uma redução de 29,8% em termos homólogos. Além disso, segundo a Bloomberg, o EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] trimestral bateu as estimativas dos analistas e atingiu 527,7 milhões de euros. Em contrapartida, as receitas ficaram aquém do previsto: 1,9 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual.
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