BdP: administração recusou retirar a idoneidade de Salgado, contra os técnicos
A palavra final foi do governador de Banco de Portugal: mesmo contra a opinião dos técnicos, Carlos Costa recusou retirar o banqueiro da gestão do BES no final de 2013.
No início deste mês, a SIC revelou que os técnicos do Banco de Portugal (BdP) defenderam a saída de Ricardo Salgado, então presidente do banco, nove meses antes de o Banco Espírito Santo ter colapsado. Contudo, essa ideia foi rejeitada pela administração do BdP: segundo o Público desta quinta-feira, a equipa de Carlos Costa recusou essa ideia uma vez que, alegaram, não podiam usar a informação sobre o repatriamento de capitais e correções fiscais do então presidente do BES porque foi obtida de forma privilegiada.
Em causa está uma reunião realizada no início de dezembro de 2013, cerca de sete meses antes da resolução do banco no verão de 2014. A opinião dos técnicos responsáveis pela supervisão era que Salgado devia ser afastado da gestão do BES. Contra o argumento da administração, os técnicos referiam que esses dados tinham sido entregues pelo próprio banqueiro, pelo que o argumento da obtenção privilegiada da informação não se colocava.
A decisão estava do lado de Carlos Costa e a resposta final foi não. Ricardo Salgado continuou à frente do banco da família, mesmo depois dessa reunião que foi, segundo o Público, uma das mais tensas sobre a situação do BES. Além de Costa, estavam nessa reunião Silveira Godinho, Amaral Thomaz, o vice-governador Duarte Neves, Luís Costa Ferreira e Pedro Machado (responsáveis pelos departamentos de supervisão) e José Queiró e Bracinha Vieira (responsáveis pelos serviços jurídicos).
Esta quinta-feira, o governador do Banco de Portugal vai estar na Comissão de Orçamento e Finanças, inicialmente a pedido do próprio, mas também por causa de um requerimento do PCP. Carlos Costa pediu para ser ouvido na COFMA para “repor a verdade”, em reação à investigação jornalística da SIC sobre o caso BES, com incidência na atuação da instituição liderada por Carlos Costa no segundo semestre de 2013.
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