Técnicos do BdP queriam Salgado fora do BES há nove meses

Carlos Costa sabia da falência do BES 17 meses antes do colapso e, alegadamente, poderia ter retirado a idoneidade a Salgado, o que não fez por, disse no Parlamento, ser impedido juridicamente.

Existem documentos sobre o caso GES/BES, antes da resolução de 2014, que comprometem a ação do atual governador do Banco de Portugal. A SIC noticia esta quarta-feira que Carlos Costa pode ter omitido informação na comissão de inquérito e que existiram técnicos do banco central português a defender a saída de Ricardo Salgado, então presidente do banco, nove meses antes de o Banco Espírito Santo ter colapsado. A falência do BES era sabida 17 meses antes, ou seja, ainda em 2013.

São vários os documentos do Banco de Portugal que a SIC vai revelar na reportagem “Assalto ao Castelo”. Entre estes estão dois documentos que comprometem a intervenção de Carlos Costa. Em causa está uma nota informativa interna, da autoria de técnicos do banco central, onde a continuidade de administradores do BES, incluindo Ricardo Salgado, era posta em causa.

A SIC revela que nessa nota, terminada em novembro de 2013, os técnicos assinalam que o Banco de Portugal estava a deixar passar o tempo sem tomar medidas e que Salgado deve ser afastado imediatamente, algo que não aconteceu. Na comissão parlamentar de inquérito ao caso do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo, o governador disse que não podia retirar a idoneidade a Ricardo Salgado por estar juridicamente impedido de o fazer. Segundo o documento dos técnicos, Carlos Costa poderia fazê-lo.

“Tecnicamente, o GES estava falido em janeiro de 2013 e o BdP ficou a saber, de uma forma muito transparente, estes dados”, revelou Pedro Coelho, o jornalista responsável por esta investigação, esta quarta-feira, à Rádio Renascença. Além disso, o jornalista da SIC revelou que há uma ligação no esquema do BES ao Dubai, referindo que será dada a conhecer “a forma como o Dubai e Angola, com a cumplicidade do BES, se terão enleado num processo que o Banco de Portugal conhecia e não fez nada, aparentemente”.

O ECO questionou o Banco de Portugal sobre estes dados, mas ainda não obteve resposta.

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