BdP: Passos diz haver “fraca cultura democrática”
Passos Coelho defendeu hoje Carlos Costa e atacou a esquerda pelas declarações que tem feito. O líder do PSD remete mais observações sobre a supervisão bancária para o debate no Parlamento.
O líder do PSD acusou esta terça-feira, em declarações à TVI 24 à saída do SISAB, a maioria que apoia o Governo de ter “fraca cultura democrática” e “muita intolerância”. Confrontado com a polémica à volta de Carlos Costa, o ex-primeiro-ministro defendeu o governador do Banco de Portugal que reconduziu em 2015, um ano após a resolução do Banco Espírito Santo. Este processo foi recuperado na semana passada por uma reportagem da SIC que trouxe novos elementos sobre a atuação do supervisor. Ainda assim, Passos Coelho mantém a sua confiança no supervisor.
"Não vejo nenhum motivo que me leve a pensar que o governador não tem exercido o seu lugar com competência, profissionalismo e isenção.”
Para o líder do principal partido da oposição, não há dúvidas de que as declarações à esquerda sobre Carlos Costa “mostra sobretudo uma capacidade muito escassa — para não dizer preocupante — da maioria que hoje governa o país relativamente a admitir opiniões diferentes, em lidar com aquilo que é independente“. Passos Coelho diz existir uma “desconsideração pelas pessoas envolvidas nas críticas”, referindo também o caso de Teodora Cardoso, a presidente do Conselho de Finanças Públicas.
Existiram “declarações abertamente hostis ao atual governador que de certa maneira escondem a forma como a maioria convive mal com os reguladores, com os órgãos, entidades e instituições que têm independência”, acusa o líder do PSD, congratulando a “sempre” presente “abertura ao esclarecimento” por parte do governador. Carlos Costa enviou esta segunda-feira uma carta à Comissão de Orçamento e Finanças (COFMA) pedindo para ser ouvido no Parlamento. “Compreendo que o governador queira [lá ir] face as notícias, se essa for a vontade dos deputados”, afirmou Passos Coelho.
Confrontado com a sua decisão de reconduzir Carlos Costa em 2015, Passos Coelho assegura que não tem “nenhuma razão para pôr em dúvida a decisão que o Governo tomou”. O ex-primeiro-ministro diz existir um “regurgitamento de matérias em relação à forma como o BES foi resolvido pelo Banco de Portugal enquanto entidade de resolução”, reforçando a sua confiança: “Não vejo nenhum motivo que me leve a pensar que o governador não tem exercido o seu lugar com competência, profissionalismo e isenção”.
"[O debate] será uma boa oportunidade para podermos discutir e podermos separar bem as águas: quem está interessado em discutir a qualidade da supervisão e quem está interessado em ajustar contas.”
Assim, Passos Coelho afirma que não há “nenhuma razão para estar a ressuscitar esse debate”. Mas há outro que quer fazer: esta quinta-feira, às 15h00, o CDS faz uma interpelação ao Governo sobre a supervisão bancária. Passos Coelho anunciou que o PSD vai participar nesse debate de “forma muito empenhada”. “Será uma boa oportunidade para podermos discutir e podermos separar bem as águas: quem está interessado em discutir a qualidade da supervisão e quem está interessado em ajustar contas”, afirmou, referindo-se a uma “espécie de ataque político, muito dirigido, muito pessoal” a Carlos Costa.
Pedro Passos Coelho recusou-se a pronunciar sobre as notícias relativas ao impasse no processo de nomeação de novos nomes para a administração do Banco de Portugal. O líder do PSD remeteu essa discussão para esta quarta-feira, dia em que há debate quinzenal com o primeiro-ministro. “Essa é a circunstância mais adequada para tratar este assunto e confrontar o Governo com as notícias que têm vindo a público nos últimos dias”, referiu.
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