Quase metade das fintechs prevê que custo do talento aumente 1,5 vezes
Quase 60% dos founders consideram que não existem developers suficientes em Portugal. Funções de engenharia e posições sénior são as mais difíceis de recrutar.
Para qualquer negócio crescer e escalar, o talento é absolutamente crucial. Mas encontrar os profissionais certos, com as competências adequadas, não tem sido tarefa fácil, sobretudo quando se trata de recrutar engenheiros e, em termos de senioridade, profissionais que tenham aproximadamente cinco anos de experiência. A maioria dos fundadores de fintechs acredita que o custo do talento dispare 1,5 vezes em 2022. E 18% prevê mesmo que a subida seja superior a 2 vezes. Este ano, o total de capital angariado pelas startups fintechs portuguesas ultrapassou a meta dos 1.000 milhões de euros, revela a sexta edição do “Portugal Fintech Report 2022”, a que a Pessoas teve acesso.
“A maioria dos fundadores acredita que não há developers suficientes em Portugal para responder às necessidades das empresas, e o custo do talento é esperado que aumente 1,5x em 2022″, lê-se no relatório.
Quase 60% dos founders consideram que não existem developers suficientes em Portugal, enquanto 28% não concorda nem discorda e 12% defende que existe talento suficiente para responder às necessidades de programadores no mercado.
Questionadas sobre a posição para a qual sentem maior dificuldade em recrutar, a resposta foi unânime: 74% das fintechs apontam a função de engenheiro. Embora com muito menor expressão, seguem-se as áreas de business development (8%), marketing and sales (8%), product (5%) e outras (4%).
Já no que toca à experiência profissional, é no patamar dos cinco anos de experiência que se verifica a maior dificuldade em encontrar e contratar talento, tendo sido esta a resposta de 58% dos inquiridos, enquanto 38% diz que a grande dificuldade está no recrutamento de perfis sénior. Por outro lado, apenas 4% das fintechs admitem ter dificuldade em contratar para posições de júnior.
Perante a escassez de talento assinalada pelos empreendedores, a previsão é que o custo do talento dispare: 45% dos inquiridos espera um aumento de 1,5 vezes, 32% de 1,2 vezes, 18% prevê uma subida superior a duas vezes e 4% de uma vez.
Vera Dias, commercial market laucher da Pleo, considera mesmo que Portugal, e em particular Lisboa, está a tornar-se cada vez mais conhecido como um centro de inovação fintech. O “ambiente acolhedor, vivo e criativo”, a “alta qualidade de vida aliada a um ambiente seguro” e o “esforço prolongado do país para criar talento de alta qualidade” são as principais razões que a profissional aponta.
A dinamarquesa Pleo, que entrou em Portugal este ano, planeia contratar 70 novos profissionais em território nacional. “Estamos interessados em criar empregos locais, bem como em abrir a oportunidade ao talento em todo o mundo de conhecer Lisboa e a sua qualidade de vida, contribuindo para o ambiente internacional e multicultural da cidade”, afirma Vera Dias, citada no relatório da Portugal Fintech.
Ecossistema fintech português já levantou mais de 1.000 milhões de euros
Apresentado esta manhã pela Associação Portugal Fintech, o estudo mostra como o ecossistema se mostrou resiliente aos choques de 2022, crescendo em número de rondas de investimento levantadas, destacando o caso de oito rondas de fintech nacionais. Este ano, o total de capital angariado pelas startups fintechs portuguesas ultrapassou a meta dos 1.000 milhões de euros (1,079,745,694 de euros).
2022 foi um ano desafiante a nível mundial para as fintech, mas o ecossistema nacional mostrou resiliência, mantendo uma rota de crescimento assente em novas rondas de investimento para as fintech mais consolidadas, mas também a entrada de um elevado número de players internacionais.
O ecossistema das fintechs ainda é dominado pelos verticais de lending & credit (22% das startups) e pagamentos (17%), mas mostra um elevado crescimento de startups de blockchain & crypto, que representam já 17% do ecossistema. O crescimento do ecossistema nacional de blockchain fica também explícito pela sua relevância no levantamento de capital representando cerca de três quartos (76%) do capital levantado em 2022.
“2022 foi um ano desafiante a nível mundial para as fintech, mas o ecossistema nacional mostrou resiliência, mantendo uma rota de crescimento assente em novas rondas de investimento para as fintech mais consolidadas, mas também a entrada de um elevado número de players internacionais”, comenta João Freire de Andrade, fundador da Portugal Fintech.
Lisboa e Porto são os principais centros da fintech para as empresas com o sede em Portugal. Fora do país, França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Holanda são também localizações comuns.
A Portugal Fintech anunciou também o lançamento da Portugal Fintech Scholarship, uma bolsa para novas startups que garante apoio e espaço ao longo de seis meses na Fintech House, o seu hub em Lisboa. Este novo projeto pretende alavancar novos projetos e apoiá-los desde a sua génese.
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