Governo de Giorgia Meloni recebe voto de confiança da Câmara dos Deputados
Governo de coligação italiano teve 235 votos a favor e 154 contra em voto de confiança. Meloni sublinhou que “a Itália faz parte do Ocidente, o berço da liberdade e da democracia”.
O novo governo italiano liderado por Giorgia Meloni, dos ultranacionalistas Irmãos de Itália, ganhou por uma margem confortável o primeiro de dois votos de confiança exigidos no Parlamento.
A votação na Câmara dos Deputados, no final de uma sessão em que Meloni apresentou as suas prioridades, foi de 235 a favor do seu governo de coligação, que inclui a Liga (extrema-direita) e Força Itália (conservadores), e 154 contra. Eram necessários 195 votos favoráveis para aprovação.
Na quarta-feira, o novo governo enfrentará uma votação na câmara alta, o Senado, onde também detém uma maioria sólida na sequência das eleições de há exatamente um mês (25 de setembro). No seu discurso perante o parlamento, Meloni sublinhou que “a Itália faz parte do Ocidente, o berço da liberdade e da democracia”.
Por isso, adiantou, a Itália vai continuar a ser “um parceiro confiável da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, que apoia a Ucrânia com formação e equipamento na guerra contra a Rússia. Apesar de liderar um partido eurocético – o Irmãos de Itália –, Giorgia Meloni assegurou que a intenção “não é impedir ou sabotar a integração europeia”, mas sim fazer funcionar melhor a máquina comunitária.
A nova primeira-ministra avisou ainda os deputados que a situação em Itália não “permite perder tempo”, agradecendo ao seu antecessor, Mario Draghi, por possibilitar uma rápida passagem do poder, apesar de o Irmãos de Itália ter sido a única força de oposição do Governo anterior.
No seu discurso, Meloni agradeceu também ao Presidente, Sergio Mattarella, por tê-la escolhido como primeira-ministra, na sequência da vitória do partido Irmãos de Itália, nas eleições de 25 de setembro, afirmando que “este é um momento fundamental para a democracia”.
Meloni agradeceu também aos seus parceiros de coligação, Liga e Força Itália, por permitirem formar um Governo num tempo quase recorde. A nova líder do executivo italiano admitiu ao parlamento que sente nos seus ombros “o peso de ser a primeira mulher no cargo de primeira-ministra em Itália”, mas garantiu que irá manter as promessas que fez na campanha “mesmo que algumas pessoas possam não gostar”.
Meloni, que começou a sua carreira política nas alas jovens do partido pós-fascista Movimento Social, considerou que as leis raciais contra os judeus, aprovadas pelo regime de Benito Mussolini, “foram o ponto mais baixo” da história italiana. Numa entrevista dada quando tinha 19 anos, Meloni defendeu que Benito Mussolini foi “um bom político” e que “tudo o que fez, fez pela Itália.
No entanto, desde então, a nova primeira-ministra italiana tem tentado afastar-se dessa afirmação, tendo mesmo publicado, durante a campanha eleitoral para as eleições de setembro, um vídeo no qual proclamava a sua distância face ao fascismo do ditador Benito Mussolini, aliado de Hitler na II Guerra Mundial.
“Lutaremos contra qualquer forma de racismo, antissemitismo, violência política e discriminação”, acrescentou, num discurso de hoje, que durou mais de uma hora e foi interrompido por aplausos da maioria governamental, composta pelo seu partido e pelos dois parceiros da coligação, o Liga e o Força Itália.
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