Portugal é o segundo país com mais mulheres inventoras. Mas Alentejo ocupa o primeiro lugar do pódio

Entre as regiões abrangidas pelo inquérito do IEP, o Alentejo é a região com a maior percentagem de mulheres inventoras.

Portugal registou a segunda maior percentagem de mulheres inventoras entre os Estados-membros do Instituto Europeu de Patentes (IEP), ultrapassado apenas pela Letónia. Mas, de todas as regiões europeias, o Alentejo é a região com a maior percentagem de mulheres inventoras, revela um novo estudo divulgado pelo IEP.

“Este estudo demonstra que foram feitos progressos nas últimas décadas no sentido de uma maior inclusão no campo das patentes, com alguns países europeus, como Portugal, a liderar no que respeita a percentagem de mulheres inventoras. Mas também demonstra que é preciso fazer mais. A promoção da mulher na ciência e na inovação continua a ser um grande desafio para a Europa e, no entanto, este é um fator chave na sua sustentabilidade e competitividade futuras”, afirma o presidente do IEP, António Campinos, em comunicado.

Nos pedidos de patentes provenientes de Portugal e apresentados entre 2010 e 2019, 26,8% de todos os inventores são mulheres, mais do dobro da média europeia de 13,2%. O país foi ultrapassado apenas pela Letónia (30,6%) e seguido da Croácia (25,8%) e Espanha (23,2%).

Já a Alemanha (10%), Luxemburgo (10%), Liechtenstein (9,6%) e Áustria (8%) são os países que apresentam as percentagens mais baixas de mulheres inventoras.

Contudo, é de salientar que, entre as regiões europeias abrangidas pelo inquérito, o Alentejo é aquela que regista a maior percentagem de mulheres inventoras, com 34,9%.

O estudo salienta que, embora a taxa global de mulheres inventoras na Europa tenha aumentado nas últimas décadas (de apenas 2% no final dos anos 70 para 13,2% em 2019), continua a existir desigualdade entre os sexos. A taxa de mulheres inventoras na Europa é superior à do Japão (9,5%), mas inferior à da Coreia do Sul (28,3%), da China (26,8%) e dos Estados Unidos da América (15%).

Acreditar em nós, na nossa capacidade de criação e resiliência, é a melhor forma de promover o contributo das mulheres e levá-las a reivindicar as suas invenções e, consequentemente, a propor as suas patentes.

Carla Gomes

Finalista do Prémio Europeu do Inventor 2022

“A participação das mulheres em temáticas onde os homens ainda são mais numerosos, como a engenharia, continua a suscitar debates sobre o preconceito, a discriminação e a pressão social existente. Acredito que o crescimento das mulheres enquanto inventoras se encontre nas suas próprias mãos. Acreditar em nós, na nossa capacidade de criação e resiliência, é a melhor forma de promover o contributo das mulheres e levá-las a reivindicar as suas invenções e, consequentemente, a propor as suas patentes”, afirma Carla Gomes, finalista do Prémio Europeu do Inventor 2022.

E acrescenta: “Não podemos esquecer todas as mulheres inventoras que já marcaram e alteraram a história, contribuindo para mudanças significativas e abrindo portas para outras mulheres.”

A engenheira portuguesa, juntamente com Nuno Correia, do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) do Porto, foram nomeados na categoria PMEs do Prémio Europeu do Inventor 2022 pela sua invenção de um sistema de ilhas fotovoltaicas flutuantes que seguem o sol. Juntos, lideraram uma colaboração entre a indústria (SolarisFloat) e a investigação (INEGI) para desenvolver uma plataforma de ancoragem para centrais solares flutuantes que aumenta grandemente a eficiência dos painéis solares, criando um incentivo para um maior investimento em tecnologia de centrais solares flutuantes.

Onde estão as inventoras?

As universidades e as organizações públicas de investigação têm uma percentagem significativamente maior de mulheres inventoras (19,4% entre 2010 e 2019 em toda a Europa, 36% em Portugal) do que as de empresas privadas (10% em toda a Europa, 19,4% em Portugal), ou de entre os inventores individuais (9,3% em toda a Europa, 14,6% em Portugal).

“As universidades desempenham um papel fundamental nas atividades de patenteamento em Portugal e contribuíram fortemente para o excelente desempenho de Portugal em termos de mulheres inventoras”, pode ler-se.

 

O papel das universidades portuguesas na promoção das mulheres inventoras é também demonstrado pela percentagem de 47% de mulheres entre os doutorados portugueses em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), uma quota mais elevada do que em França (37%) ou na Alemanha (33%).

Adicionalmente, o estudo revela que há maior probabilidade de se encontrarem mulheres em equipas de inventores do que enquanto inventoras individuais, mas estas tendem a ter menos cargos de chefia nessas mesmas equipas do que os homens.

Analisando os setores onde existem mais mulheres inventoras, o destaque vai para a química (22,4% entre 2010 e 2019 na Europa, 42,3% em Portugal). Dentro do setor químico, os pedidos de patentes nas áreas da biotecnologia e farmacêutica têm as taxas mais elevadas de mulheres inventoras (mais de 30% na Europa).

Na ponta oposta, com a percentagem mais baixa de mulheres inventoras, está o setor da engenharia mecânica (5,2% na Europa, 13,4% em Portugal).

Como objetivo fornecer aos decisores políticos e ao público em geral informações sobre a relação entre o género e o registo de patentes na Europa, este estudo — o primeiro do género a ser publicado pelo que IEP — baseia-se na percentagem de mulheres inventoras nomeadas em todos os pedidos de patentes junto do IEP entre 1978 e 2019. Com cerca de 6.300 funcionários, o Instituto Europeu de Patentes é uma das maiores instituições de serviço público na Europa. Sediado em Munique e com escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, o IEP foi fundado com o objetivo de fortalecer a cooperação entre países europeus no âmbito das patentes.

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