Trabalho híbrido: Uma nova abordagem para o envolvimento dos colaboradores

  • Paula Fernandes
  • 8 Novembro 2022

Num mercado de trabalho limitado, "re-recrutar" as pessoas - e investir nas suas carreiras a longo prazo - pode ser a diferença entre uma organização bem-sucedida e uma organização em dificuldades.

Independentemente do modelo de trabalho, seja remoto, presencial ou algo entre os dois, é cada vez mais importante compreender as necessidades da atual força de trabalho.

O trabalho deixou de representar um lugar para passar a ser uma experiência que une colaboradores e líderes. Por todo o mundo, colaboradores abraçaram a flexibilidade e os horários de trabalho híbridos, revelando a liberdade de trabalhar onde, quando e como quiserem. Ao mesmo tempo, muitos líderes ainda anseiam pela familiaridade do escritório tradicional – onde o brainstorming decorria pessoalmente e os encontros ocasionais nos corredores levavam a uma colaboração inesperada. Há, assim, uma desconexão entre organizações e colaboradores e, numa economia imprevisível, esta desconexão tem tendência a aumentar cada vez mais.

A solução? Uma nova abordagem para o envolvimento dos colaboradores, que agregue a força de trabalho digitalmente conectada e distribuída, realinhe os colaboradores às necessidades de negócio e os reintegre na cultura e missão das organizações. No último “Work Trend Index Pulse Report”, da Microsoft, destacamos três medidas urgentes que os líderes devem adotar para ultrapassar esta divisão – e ajudar os colaboradores, não só, a darem o seu melhor, mas também a estarem no seu melhor.

1. Medir o que importa

Muitos líderes costumavam contar com a visibilidade do escritório para avaliar a produtividade organizacional. Na mudança para o trabalho híbrido, 85% reconhecem um desafio de confiança ao nível da produtividade – receio que levou algumas empresas a instituir métricas de monitorização digital. No entanto, quer estivessem a trabalhar remotamente, pessoalmente, ou numa mistura dos dois, 87% dos colaboradores afirmam ser produtivos no trabalho.

Pode parecer stressante confiar que as pessoas estão a trabalhar quando não as estamos a ver e, efetivamente, todos os colaboradores precisam de métricas para avaliar o seu desempenho no trabalho. Os líderes devem concentrar-se no impacto ou no trabalho que os colaboradores fazem que realmente importa. Dar aos colaboradores clareza sobre este ponto é ainda mais essencial atualmente, já que quase metade dos trabalhadores dizem que estão em burnout. E este é um dado que deveria alarmar todos os líderes, uma vez que o burnout não só impacta o bem-estar dos colaboradores, como também a inovação e dizima a retenção.

Para começar, há que ouvir os colaboradores. Parece simples, mas mais de metade das empresas (57%) raramente ouvem falar das experiências dos seus colaboradores no trabalho. As perceções acionáveis dos colaboradores são fundamentais para manter o pulso na organização – e ouvir o feedback pode ajudar a detetar problemas antes de estes atingirem um ponto de rutura que custe talento, tempo e dinheiro. Como exemplo, na Microsoft, estamos a posicionar novas formas de ajudar os líderes a promover a clareza e o alinhamento, a eliminar o desperdício de tempo no trabalho e a determinar o que está a impedir os colaboradores de impactarem verdadeiramente as organizações.

2. Permanecer conectado dentro e fora do escritório

O número de organizações que reduziram o regresso obrigatório aos escritórios é a prova de que as pessoas precisam de uma razão melhor para ir. Os dados mostram que a razão pela qual as pessoas vão (ao escritório) beneficia as organizações: as pessoas vão umas pelas outras. 84% dos colaboradores dizem que estariam motivados para ir ao escritório para socializar com os colegas de trabalho, enquanto 85% são motivados pela reconstrução de laços de equipa.

As empresas precisam, urgentemente, de reconstruir este capital social. Metade dos colaboradores dizem que as suas relações fora das suas equipas diretas se desgastaram e 43% dizem que se sentem desligados da sua empresa. Num mundo híbrido, os líderes também precisam de pensar além do escritório: não importa onde os colaboradores trabalhem, a comunicação e conexão consistentes são fundamentais para ajudá-los a sentir que fazem parte de uma comunidade.

Além de otimizar o espaço do escritório durante o tempo conjunto, uma boa experiência digital ajuda a que os colaboradores permaneçam conectados e empenhados quando trabalham separados. É, assim, essencial apostar em ferramentas que promovam a construção de comunidades digitais através de diálogos e ferramentas de autoexpressão.

3. Para reter talento, priorizar a aprendizagem

76% dos colaboradores dizem que se pudessem beneficiar mais da aprendizagem e desenvolvimento, ficariam mais tempo na sua empresa. Os colaboradores consideram as oportunidades de aprender e crescer como o primeiro motor da cultura de trabalho, um salto exponencial desde 2019.

Estas conclusões deixam claro que se não se investir no talento que já se tem, as pessoas vão-se embora. Num mercado de trabalho limitado, “re-recrutar” as pessoas – e investir nas suas carreiras a longo prazo – pode ser a diferença entre uma organização bem-sucedida e uma organização em dificuldades.

O mundo do trabalho mudou fundamentalmente, e para nos prepararmos para o sucesso a longo prazo, a nossa abordagem à liderança tem de mudar também. Pode ser desconfortável, sim – a mudança é sempre. Mas ao olhar para os dados e ao apoiar os colaboradores – através de clareza, conexão e oportunidades de aprendizagem – os colaboradores e organizações poderão, efetivamente, prosperar.

  • Paula Fernandes
  • Diretora de colaboração e produtividade na Microsoft Portugal

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Trabalho híbrido: Uma nova abordagem para o envolvimento dos colaboradores

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião