Com preços a disparar, portugueses procuram mais artigos em segunda mão
Ao ECO, as plataformas de comércio online e retalhistas de comércio especializado notam um aumento da procura de artigos em segunda mão e recondicionados e há quem admita subidas de preços.
Numa altura em que a inflação supera os 10% em Portugal, o mercado de revenda está a acelerar. Ao ECO, as plataformas de comércio online e retalhistas de comércio especializado denotam um aumento da procura de artigos em segunda mão e recondicionados e há quem admita aumentos de preços.
É o caso do OLX que sinaliza que desde o início do ano verificou “um aumento de preços na generalidade das categorias“, na ordem dos 20%, face a igual período do ano passado, “o que significa que a inflação está também a afetar o mercado da revenda”. Esta tendência foi mais sentida nos “telemóveis e tablets”, com o preço médio a encarecer cerca de 80 euros”, o que representa um aumento de 37%, adianta a empresa de comércio online, em resposta ao ECO.
Segue-se a categoria de “carros, motos e barcos”, com o preço médio a ficar “cerca de 640 euros mais caro desde o início do ano” e ainda a categoria “móveis, casa e jardim”, com subidas de cerca de 30 euros. Ou seja, uma subida de 25% e 24%, respetivamente, face ao início do ano.
A par do aumento de preços, a plataforma verifica ainda um aumento da procura em alguns artigos em segunda mão, sendo esta tendência mais notória nos imóveis, com uma subida de 28% face ao período homólogo, seguida pela categoria de “outras vendas” (+17%), “bebé e criança” (+16%) e lazer (+15%). No entanto, o OLX sublinha que “há categorias com quebras de procura entre -20% e -17%, desde janeiro”, dando como exemplo a “Tecnologia”, que inclui produtos como computadores, televisões e bens ligados ao som e imagem, a “Moda” ou a “Agricultura”.
À semelhança do OLX, também a BabyLoop, plataforma de compra e venda de artigos de bebé em segunda mão, sente que há “uma maior recetividade dos clientes” no que toca aos artigos em segunda mão, uma vez que esta opção ajuda “a contornar dificuldades provocadas pela inflação”, afirma Gustavo Alves, diretor de E-commerce da empresa, ao ECO.
Além disso, verificam que “há mais pessoas a querer vender produtos na BabyLoop”, de modo “a conseguir rendimentos extra” perante a atual conjuntura económica. Esta tendência começou a ganhar força no início de setembro à boleia do “regresso às aulas e por coincidir com uma altura em que as famílias têm gastos acrescidos”, justifica a empresa de comércio online, ao ECO. E é maioritariamente sentida em produtos de puericultura pesada, tais como cadeiras auto, berços e carrinhos de passeio, dado que “são produtos mais caros”, permitindo recuperar parte do investimento feito com a compra.
Fnac e Worten sentem aumento da procura por artigos recondicionados
A par destas plataformas de venda de artigos em segunda mão, também as empresas de comércio especializado notam um aumento da procura por artigos recondicionados, apesar de referirem que ainda é prematuro fazer uma “correlação com a inflação”.
Ao ECO, Rui Pepe, diretor de serviços da Fnac Portugal, adianta que a empresa tem vindo a verificar um “aumento da procura por produtos recondicionados quando se trata do momento de aquisição de dispositivos tecnológicos”, com esta tendência a “afirmar-se de ano para ano”.
“A inflação pode contribuir para tal, mas não existem ainda números concretos que nos permitam fazer uma correlação”, sublinha o responsável. Ainda assim, a empresa francesa atribui este crescimento ao facto de os clientes estarem cada vez mais consciencializados para “compras inteligentes”, dado que esta opção permite não só gerar uma poupança de “mais de 60% na compra de equipamentos tecnológicos, quando os valores são comparados com os dos produtos novos”, mas também porque é benéfica para o ambiente.
A par da Fnac, também fonte oficial da Worten sinaliza que “os produtos recondicionados têm tido uma procura crescente nos últimos anos” e apesar de admitir que a inflação pode “motivar a escolha de produtos a preços mais acessíveis”, sublinha que “neste momento é ainda difícil prever exatamente os impactos” neste negócio. “Acreditamos que com a sobrecarga financeira das famílias este tipo de produto passou a ser uma alternativa fulcral na decisão de compra de produtos eletrónicos“, assegura ainda a empresa detida pela Sonae.
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