“Manter a inflação elevada teria um custo recessivo ainda maior”, alerta Centeno

  • ECO
  • 3 Novembro 2022

"Há um avolumar de algumas pressões, localizadas, do lado da procura. Isto, com a manutenção das pressões do lado da oferta, conflui numa pressão inflacionista que não está a abater", diz Centeno.

Em contracorrente com as declarações do primeiro-ministro e do Presidente da República na semana passada, o governador do Banco de Portugal (BdP) saiu em defesa do Banco Central Europeu (BCE) e argumenta que manter taxas de inflação elevadas “teria um custo recessivo maior do que aquele que o aumento das taxas de juro provoca”.

Em entrevista ao Público (acesso condicionado), Mário Centeno pede às empresas e aos países do euro que ajudem no combate à inflação, que “não é um exclusivo dos bancos centrais”. O governador faz mesmo um apelo em concreto às empresas: “Temos visto uma subida de preços na generalidade dos bens e serviços do índice de preços no consumidor e, em muitos casos, para além daquilo que se poderia esperar face ao que são as pressões inflacionistas vindas da oferta. O que isto quer dizer é que, tal como apelamos a uma contenção do nível salarial, também gostaria de o fazer ao nível empresarial, para que se refletisse nos preços um grau de conservadorismo que permitisse de facto a inversão deste ciclo de inflação“.

Para Mário Centeno, “há outros fatores a contribuir para a inflação, para além dos do lado da oferta“. “Devido ao volume de poupanças que as famílias e as empresas acumularam ao longo da crise do Covid-19 e ao estado do mercado de trabalho, que é muito bom, assistimos principalmente durante o segundo e terceiro trimestres deste ano a uma pressão sobre o lado da procura muito visível. O setor do turismo é um desses exemplos”, explica o antigo ministro das Finanças. “Há de facto um avolumar de algumas pressões, que acho que são localizadas, não são generalizadas, do lado da procura. Isto, com a manutenção das pressões do lado da oferta, conflui numa pressão inflacionista que não está a abater“, conclui.

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