Lucros da Sonae sobem 33% até setembro, mas travam durante o verão

Dona do Continente lucrou 210 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com vendas de 5,5 mil milhões de euros. Cláudia Azevedo diz que grupo “apoia as famílias, mantendo preços competitivos".

A Sonae registou 210 milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses deste ano, um crescimento de 32,6% face a igual período de 2021, por ter beneficiado do “desempenho positivo do portefólio, do [período] comparável afetado pela pandemia e do contributo para o resultado indireto da reavaliação dos ativos da Sierra e do portefólio da Bright Pixel”.

No entanto, os resultados do terceiro trimestre mostram uma quebra na rentabilidade “devido aos esforços para suportar os custos inflacionários e garantir a competitividade das ofertas”, além do efeito da mais-valia com a venda da Maxmat à cimenteira do grupo BME, registada no ano passado. O lucro de 92 milhões de euros entre julho e setembro ficou 4,3% abaixo do que tinha registado no verão do ano anterior.

Num contexto de elevados custos de energia e níveis crescentes de inflação e de taxas de juros, os vários negócios “conseguiram, mais uma vez, aumentar os níveis de investimento, reforçar as propostas de valor e apoiar as famílias a enfrentar estes desafios, nomeadamente mantendo preços competitivos e respondendo às novas necessidades dos consumidores”, salienta Cláudia Azevedo, notando que a conquista de quota de mercado no último trimestre é “um reconhecimento claro” dos clientes.

“A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores (trading down). No entanto, os resultados consolidados demonstraram uma forte resiliência e a nossa posição financeira manteve-se muito sólida”, resume a presidente executiva do grupo nortenho, citada num comunicado enviado à CMVM esta quarta-feira.

A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Entre janeiro e setembro, o volume de negócios rondou os 5,5 mil milhões de euros, mais 10,4% do que no período homólogo, dos quais 4,3 mil milhões foram realizados pela MC, dona do Continente. Aliás, o crescimento no conjunto dos negócios foi superior (15%) no terceiro trimestre, em particular, “sustentado pelos sólidos ganhos de quota de mercado dos negócios de retalho”, assinala a Sonae, descrevendo um desempenho positivo “transversal aos formatos alimentares e não alimentares”.

Em termos de desempenho operacional, a MC está a “enfrentar fortes pressões na sua estrutura de custos, dado os elevados custos recorde de energia, juntamente com as medidas implementadas para proteger os seus clientes e reforçar a competitividade, suportando parte dos custos inflacionários”. Por exemplo, os custos de energia até setembro ficaram cerca de 40 milhões de euros acima dos níveis de 2021, sendo apontado como “o principal fator explicativo da queda da margem”.

O EBITDA subjacente diminuiu 0,6 pontos percentuais (pp) no trimestre e 0,3 pp no conjunto dos primeiros nove meses do ano, no qual atingiu os 440 milhões de euros. “Os elevados custos de energia e os preços na produção foram parcialmente suportados pelos negócios de forma a combater a inflação e apoiar as famílias, pressionando a estrutura de custos e conduzindo a uma redução das margens”, justifica. As vendas na vertente internacional cresceram mais de 40% este ano, destacando-se aí o contributo das insígnias de desporto da ISRG (Iberian Sports Retail Group), joint-venture da Sonae com a JD Sports que detém a marca SportZone.

No relatório enviado à CMVM, o grupo sediado na Maia calcula ter investido 579 milhões de euros nos últimos 12 meses, incluindo a aquisição de 10% na Sierra (ramo imobiliário), a participação adicional na Nos (telecomunicações) e os vários investimentos da Bright Pixel (antiga Sonae IM), capital de risco nas áreas tecnológicas, tanto em novas empresas como no reforço das participações.

“A dívida líquida do grupo situou-se em 1.022 milhões de euros e a estrutura de capitais do grupo manteve-se sólida, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez muito confortáveis (mais de mil milhões de euros de liquidez disponível), estando o grupo totalmente financiado até ao início de 2024 e com um custo médio de financiamento de cerca de 1%”, assegura a Sonae aos investidores.

Worten “refresca” vendas e moda cresce 8%

No retalho de eletrónica, as vendas da Worten atingiram 315 milhões de euros no terceiro trimestre (+10,6% em termos homólogos”, sustentadas pelas categorias de venda sazonais devido às temperaturas elevadas no verão. No setor imobiliário, a Sierra regista uma valorização de 9% dos seus ativos, superando os mil milhões de euros, com os centros comerciais a dispararem 25,2% as vendas entre julho e setembro.

Por outro lado, o negócio da moda (Zeitreel) aumentou as vendas em 8%, para 102 milhões de euros, com o contributo de todas as marcas que explora: MO, Salsa, Zippy e Losan. A ISRG cresceu mais de 40% e reforçou o peso no online para 19%, a valer quase uma em cada cinco euros vendidos por este negócio do ramo desportivo. Nos restantes setores, destaque ainda para o Universo (serviços financeiros) que regista mais de um milhão de clientes e aumenta produção em 16%; e para a Nos, que cresceu 4,1% no terceiro trimestre e reforçou o contributo para os resultados da Sonae.

 

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