China e Estados Unidos reúnem-se em prol do clima com intenções de ter “uma COP27 bem-sucedida”
Os dois países com maiores emissões têm sido críticados pela falta de colaboração no apoio aos mais vulneráveis. EUA e China reuniram-se Sharm el-Sheikh com intenções de ter "uma COP27 bem-sucedida".
A China e os Estados Unidos reuniram-se no quarto dia da cimeira do clima, abrindo portas para um reforço dos compromissos no combate às alterações climáticas depois de os líderes mundiais e organizações terem lançado apelos e críticas nesse sentido.
O enviado especial chinês, Xie Zhenhua, revelou ao The Guardian, esta quarta-feira, que os dois países tiveram uma “conversa informal” em Sharm el-Sheikh, no Egito, neste que foi o quarto dia da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas de 2022 (COP27).
“Espero que os Estados Unidos tomem a iniciativa para eliminar as barreiras. Penso que a porta estava totalmente fechada da parte deles. Nós, na China, estamos a tentar abri-la”, garantiu, acrescentando que ambos os países estão a fazer “um esforço conjunto de apoiar a presidência egípcia e ter uma COP27 bem-sucedida”.
Os dois países com maior carga de emissão de dióxido de carbono (CO2) do mundo parecem, assim, estar interessados em reforçar os compromissos climáticos, depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, ter apelado à sua “responsabilidade individual”, e o presidente francês Emmanuel Macron ter admitido intenções de “pressionar” os dois países a pagarem a sua “parte” para ajudar os mais pobres face às alterações climáticas.
“A determinação da China em participar ativamente no governo do clima mundial não vai recuar nem muito menos mudar”, garantiu Zhenhua, reconhecendo que “o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, baseia-se na responsabilidade histórica da China”.
Durante a sua intervenção na cimeira do clima, o representante chinês referiu que embora não exista “uma obrigação da China” em contribuir para o fundo de Perdas e Danos, Pequim está “disposto” a dar o seu “contributo” e a fazer “um esforço” no combate ao agravamento das alterações climáticas.
Do lado dos Estados Unidos, foi dada a mesma garantia mas pela voz do enviado especial John Kerry que frisou que a administração de Joe Biden continuará “determinada”, na luta contra as alterações climáticas, independentemente do resultado das eleições intercalares norte-americanas.
No mesmo momento, o representante dos EUA anunciou que o país se prepara para lançar uma nova iniciativa global de comércio de créditos de carbono que o próprio considerou ser “crítica” para ajudar os países em desenvolvimento a fazer a transição energética. O projeto, chamado EnergyTransition Accelerator, será lançado em conjunto com a Rockefeller Foundation e o Bezos Earth Fund, e prevê gerar financiamento através de créditos de carbono voluntários de “alta qualidade”.
Embora os detalhes do programa ainda não tenham sido revelados na totalidade, Kerry afirmou que é importante mobilizar capital privado no valor de “milhares de milhões de dólares” que permitam impulsionar a transição energética em países em desenvolvimento.
Certo é que, ao contrário de países como a Áustria, Escócia e Dinamarca, nem a China nem os Estados Unidos se comprometeram em contribuir para o fundo de Perdas e Danos, nem em ajudar a atingir os 100 mil milhões de dólares acordados em 2009, na cimeira do clima, em Copenhaga, necessários para o financiamento climático. Ambas as iniciativas destinam-se a ajudar os países mais vulneráveis, seja na redução de emissões e na adaptação à crise climática, seja na cobertura dos prejuízos imediatos de catástrofes naturais.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
China e Estados Unidos reúnem-se em prol do clima com intenções de ter “uma COP27 bem-sucedida”
{{ noCommentsLabel }}