Encruzilhada da indústria resolve-se com tecnologia amiga do ambiente
Redução das emissões permitirá acelerar digitalização e eficiência operacional das empresas, defende especialista da Accenture para a área da indústria e engenharia.
Responsável por 37% do consumo de energia e por 30% das emissões de dióxido de carbono em 2019, a indústria mundial vive numa encruzilhada: precisa de investir na sua transformação digital e, ao mesmo tempo, poupar nas emissões, tornar-se mais competitiva e conseguir aumentar as suas margens de negócio. Não há uma solução única para todas as áreas industriais, mas é possível cumprir o objetivo, defendeu José Luís Costales, especialista da Accenture para a área da indústria e engenharia.
“A indústria vive duas crises em paralelo: a crise climática e a crise de risco, nos contratos de fornecimento de energia. É necessário um plano agressivo de descarbonização”, sentenciou o especialista, durante uma apresentação na conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO, que decorreu esta quinta-feira na Alfândega do Porto.
Antes de mais, detalhou, é necessário estabelecer a seguinte base de trabalho: definir uma estratégia e um caminho para alcançar os objetivos; apresentar um novo modelo operacional; estabelecer plataformas de colaboração e de dados; criar ferramentas para monitorização e programas de controlo; e ainda olhar para referências internacionais.
Segue-se a fase de execução, a verdadeira transformação digital. Isto passa por preparar toda a cadeira de valor, desenvolver o novo modelo operacional; introduzir novos equipamentos e requalificar as equipas. Por fim, a nível operacional, também é preciso promover a padronização e digitalização de toda a fábrica e acelerar a introdução de novas tecnologias, como a inteligência artificial, operações autónomas e remotas. E, se for preciso, trocar o gás pelo hidrogénio.
No meio de toda a transformação, há vários desafios. Em alguns setores, há tecnologias que ainda não existem; além disso, a colaboração entre diferentes elementos é fundamental para criar plataformas comuns e partilhadas.
A indústria vive duas crises em paralelo: a crise climática e a crise de risco, nos contratos de fornecimento de energia. É necessário um plano agressivo de descarbonização
O processo de descarbonização industrial não se limita ao interior da fábrica. Na produção de energia, é necessário duplicar ou mesmo duplicar a capacidade instalada, introduzir novas soluções de armazenamento da energia e ainda apostar em diferentes soluções para vários perfis de risco.
No final de contas, advertiu José Luís Costales, as oportunidades estão por aí: há financiamento comunitário e “vento a favor” para promover transformações com escala no mercado. E a eletrificação das pequenas indústrias poderá poupar cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono até 2050.
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