Dia Internacional do Estudante: o desafio de preparar os alunos de hoje para serem os profissionais do futuro

  • Rui Teixeira
  • 17 Novembro 2022

Organizações devem abrir-se, cada vez mais, às novas gerações para lhes dar contextos mais reais daqueles que serão os verdadeiros desafios no contexto laboral e ajudá-los a desenvolver competências.

O mercado de trabalho está em constante mudança. Esta máxima sempre se observou, mas, nos últimos anos, tornou-se mais verdade do que nunca. A digitalização, a quebra de barreiras geográficas e disciplinares, o surgimento de novos modelos de trabalho e de carreiras profissionais, entre outros fatores, pôs um fim aos percursos profissionais lineares e fez com que o historiador de hoje se possa tornar o especialista em cibersegurança de amanhã. A questão que se coloca então, neste Dia Internacional do Estudante, é: como é que os estudantes de hoje se podem preparar para um mercado em constante mudança e para um trabalho que hoje pode até ainda não existir?

Dados do Fórum Económico Mundial apontam para uma cada vez maior repartição do trabalho entre humanos e máquinas, e indicam que uma percentagem significativa das profissões do futuro ainda não existe. Ao mesmo tempo, um estudo da Deloitte afirma que 75% da força de trabalho em 2023 será representada por pessoas com menos de 35 anos. Isto significa que o que os estudantes estão a aprender hoje poderá não corresponder às verdadeiras necessidades das empresas em 2030. É, por isso, necessário que os jovens desenvolvam competências que vão além do conhecimento académico e que lhes permitam atingir todo o seu potencial ao longo da carreira profissional, independentemente da área em que se estão a pensar especializar.

Os empregadores cada vez mais avaliam os candidatos pelas suas competências humanas, as soft skills, e não pelas competências técnicas, já que estas mudam e são passíveis de ser ensinadas no decorrer da profissão. Segundo o Talent Shortage Survey 2022, lançado pelo ManpowerGroup, 30% dos empregadores afirmam que a Resiliência e Adaptabilidade e a Fiabilidade e Autodisciplina são as competências que mais procuram num candidato, 29% dos empregadores apontam o Trabalho em Equipa e Colaboração, bem como a Capacidade de Iniciativa, e 26% destacam a Resolução de Problemas. Estas cinco competências são altamente valorizadas, pois são aquelas que permitem que qualquer colaborador se integre facilmente numa equipa, contribua positiva e proativamente para a sua evolução e esteja preparado para enfrentar os imprevistos de um mercado altamente volátil.

A estas competências, acrescentaria ainda uma que é tão importante como as restantes: a learnability, isto é, a capacidade de aprendizagem ao longo da carreira profissional e de toda a vida. Os alunos de hoje estão a ganhar conhecimento sobre as funções que existem atualmente, mas que poderão estar desatualizadas amanhã. Igualmente não se espera que as funções de amanhã sejam iguais às do futuro que lhe segue. Para que não se torne um trabalhador obsoleto, sem oportunidades de progressão de carreira, é necessário deter learnability.

Perante este cenário e entendendo os desafios que se colocam aos jovens de hoje, devem existir iniciativas que promovam o desenvolvimento destas soft skills e os preparem para situações reais e também para as preocupações reais do mercado de trabalho, como é o caso da Diversidade, Equidade e Inclusão, ou da Sustentabilidade. Um exemplo disto é a parceria entre o ManpowerGroup e a Junior Achievement, organização mundial de educação para o empreendedorismo, na mentoria e acompanhamento de jovens estudantes para que desenvolvam estas skills, identifiquem a sua paixão e atinjam o seu pleno potencial.

Preparar os estudantes de hoje para um mercado de trabalho incerto é desafiante e, por esse motivo, não pode ser responsabilidade de uma só entidade. A Academia dá as bases para desenvolver pessoas com conhecimentos gerais, capacidades críticas e analíticas, e uma ideia de um possível caminho para a sua futura carreira. As organizações devem abrir-se cada vez mais a estas gerações para lhes darem contextos mais reais daqueles que serão os verdadeiros desafios no contexto laboral e ajudá-los a desenvolverem as competências sociais e humanas necessárias. A sinergia dos dois mundos capacitá-los-á para que se tornem profissionais mais completos e em pleno potencial.

  • Rui Teixeira
  • Diretor-Geral do ManpowerGroup Portugal

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