Galp alerta para “dívida muito significativa” de Estado moçambicano
Ao não haver atualizações de preço nos postos de abastecimento, muito abaixo do valor de compra, acumula-se uma "dívida muito significativa" do Estado junto dos distribuidores, como a Galp.
O presidente da Galp Moçambique, Paulo Varela disse esta quinta-feira esperar resultados do diálogo do setor com o Governo para sanar a dívida quase insustentável aos distribuidores de combustíveis no país. Em causa está o facto de não haver atualizações de preço nos postos de abastecimento, que estão muito abaixo do valor de compra, acumulando-se uma “dívida muito significativa” do Estado junto dos distribuidores, como a Galp, referiu.
“É um tema da indústria, não de uma empresa em particular e a Associação das Empresas Petrolíferas (Amepetrol) tem tido um diálogo próximo com o Governo no sentido de se encontrar uma solução”, referiu Paulo Varela, num encontro com jornalistas a propósito dos 65 anos da Galp em Moçambique. “De facto, as empresas continuam a suportar esse custo que está a atingir valores muito significativos”, numa situação que “não é sustentável durante muito mais tempo”, afirmou.
Para Varela, “é um tema em que, com diálogo e colaboração entre todas as partes, se vai encontrar uma solução”, remetendo para a associação detalhes sobre os valores em causa. “No fim do dia, o custo terá de ser pago de alguma forma“, referiu, ou os consumidores suportam uma atualização de preços ou o Estado subsidia os distribuidores ou há outra forma, dependendo de uma “decisão de política económica” em que cada Governo “é soberano”.
Apesar de haver “esforços do Governo” para controlar o preço de venda ao público, através do corte de carga tributária, “o problema de Moçambique e de muitos outros países é o elevado custo internacional” dos combustíveis, que no país são totalmente importados. Os preços têm-se mantido elevados, apesar de alguma baixa “em agosto e setembro”, ou seja, “a pressão mantém-se”, referiu.
Em conjugação com o Ministério da Energia moçambicano, trabalha-se em busca de “um mecanismo que permita haver continuidade do fornecimento e não haver situações como no Maláui, em que há uma escassez enorme de combustíveis, decorrente de fatores de perturbação de abastecimento”, disse.
“Moçambique, felizmente, tem tido um abastecimento estável, totalmente à custa das empresas distribuidoras que estão a suportar essa diferença”, concluiu. A Amepetrol tem alertado desde o início do ano que as dívidas do Estado às gasolineiras podem paralisar a distribuição. No total, segundo informação avançada em abril pela Amepetrol, o Governo moçambicano devia na altura às gasolineiras acima de 110 milhões de dólares (106 milhões de euros).
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