Comissões bancárias continuam a render aos bancos
As comissões bancárias cresceram em 2015 e 2016. Isto numa altura em que os principais bancos portugueses continuam a aumentar os preçários.
O valor total cobrado em comissões por quatro dos principais bancos a operar em Portugal voltou a crescer em 2015 e 2016, invertendo a tendência dos quatro anos anteriores, quando estes proveitos registaram quedas consecutivas.
A Lusa agregou os dados das comissões líquidas recebidas pela Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI e Santander Totta na atividade em Portugal (isto é, sem contar com operações no estrangeiro) entre 2010 e 2016 e concluiu que os quatro bancos cobraram, em conjunto, 1.371.900 euros (1,37 mil milhões de euros) em comissões o ano passado. Ou seja, em cada dia de 2016 as comissões renderam mais de 3,7 milhões de euros a estes bancos.
O valor arrecadado em 2016 significou mais 6% face aos 1,29 mil milhões de euros que os mesmos bancos conseguiram em receitas líquidas de comissionamento em 2015, já então num aumento face a 2014, ainda que ligeiro, de 1%.
Ainda assim, o valor total arrecadado em comissionamento no ano passado representou menos 185 milhões de euros do que o registado em 2010 (1.557.316 euros) e fica ainda abaixo do volume arrecadado em 2011 e 2012 (1.488.285 euros e 1.389.697 euros, respetivamente).
Aliás, entre 2010 e 2014 registaram-se reduções anuais consecutivas no volume total cobrado em comissões pelos quatro bancos analisados. Uma redução que, segundo analistas do setor contactados pela Lusa, se deve a uma quebra do negócio bancário nos últimos anos, que levou a menos comissões quer nos serviços mais diretamente relacionados com a banca tradicional (menos abertura de processos de crédito ou menos aberturas de conta, por exemplo), quer com menos comissões relacionadas com a atividade de mercados financeiros (operações em bolsa, comissões de corretagem ou custódia de títulos, por exemplo).
Contudo, os dados dos últimos dois anos indicam já uma inversão de tendência que deverá continuar, uma vez que nos últimos meses se tem assistido a alterações dos preçários das principais instituições bancárias, com revisões em alta destes, nomeadamente aumentos de comissionamento em atividades bancárias de rotina, como comissões de manutenção de conta ou em transferências de dinheiro.
Tradicionalmente, a forma de um banco ‘fazer dinheiro’ é através da margem financeira [ou seja, a diferença entre o que o banco paga de juros nos depósitos e o que cobra de juros nos empréstimos], mas a modernização e a diversificação da atividade bancária e, mais recentemente, o nível baixo das taxas de juro, têm levado a um maior peso no produto bancário dos rendimentos gerados pelas operações financeiras – por exemplo, dívida pública detida pelos bancos – e das comissões bancárias.
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