Comissão quer Orçamento português em “plena conformidade” com prudência orçamental
Comissão Europeia diz que Portugal deve assegurar que Orçamento do Estado está em "plena conformidade" com as recomendações do Conselho, que iam no sentido da prudência orçamental.
A Comissão Europeia alerta Portugal de que deve assegurar que o Orçamento do Estado para 2023 está “em plena conformidade com as recomendações do Conselho” ao nível da prudência orçamental. O aviso faz parte dos comentários ao documento publicados esta terça-feira e que fazem parte do pacote de Outono.
“A Comissão convida a Bélgica, Portugal, a Áustria, a Lituânia, a Alemanha, a Estónia, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Eslovénia e a Eslováquia a tomarem as medidas necessárias no âmbito dos respetivos processos orçamentais para assegurar que os seus orçamentos para 2023 estarão em plena conformidade com as recomendações do Conselho”, lê-se no documento.
No caso específico de Portugal, as recomendações, de meados de julho, eram para que “tomasse medidas para assegurar em 2023 uma política orçamental prudente, em particular limitando o crescimento do financiamento de despesas correntes primárias abaixo do crescimento do produto potencial de médio prazo, tendo em conta o apoio contínuo temporário e direcionado às famílias e empresas mais vulneráveis aos aumentos dos preços da energia e às pessoas que fogem da Ucrânia”.
Indicavam ainda que Portugal “deve estar pronto para ajustar os gastos atuais à evolução da situação”. Já para o período para além de 2023, recomendam “prosseguir uma política orçamental que vise alcançar posições orçamentais prudentes a médio prazo e assegurar uma dívida credível e gradual redução e sustentabilidade fiscal no médio prazo por meio de consolidação gradual, investimentos e reformas”.
O comissário europeu Paolo Gentiloni explicou que esta é “uma mensagem de cautela” ao Governo português, dados os apoios às famílias e empresas devido à acentuada crise energética. Este é um “caso fronteiriço”, apontou em conferência de imprensa, sendo que enquanto alguns Estados-membros não estão completamente de acordo com as recomendações, para Portugal a “avaliação é que o orçamento português está próximo” do que pedem.
Recorde-se que as previsões da Comissão Europeia reveladas no início deste mês veem o PIB português a crescer 6,6% em 2022, mas um abrandamento severo para 0,7% em 2023. As previsões para o próximo ano são mais pessimistas do que as do Governo, que antecipa um crescimento de 1,3% em 2023.
Já para o défice, o Governo prevê no OE uma redução de 1,9% do PIB em 2022 para 0,9% do PIB em 2023, enquanto a dívida pública deve diminuir de 115,0% do PIB em 2022 para 110,8% do PIB em 2023, números em linha com as previsões da Comissão.
Bruxelas alerta, no entanto, que as previsões “continuam sujeitas à elevada incerteza”, incluindo riscos relacionados com a a invasão russa da Ucrânia, os aumentos dos preços da energia e a continuidade de distúrbios na cadeia de abastecimento. “Os riscos para as projeções orçamentais estão ligados a responsabilidades relacionadas com linhas de crédito com garantia pública e a negociação em curso de processos de pedidos de reposição financeira das PPP”, dizem.
Este pacote contempla também uma análise à capacidade de reembolso dos Estados-Membros que beneficiaram de programas de assistência financeira, onde se inclui Portugal, e conclui que os cinco Estados-Membros em causa “mantêm a capacidade de reembolsar a sua dívida”.
Perfil da dívida pública portuguesa
Já o relatório sobre o Mecanismo de Alerta, uma análise para detetar potenciais desequilíbrios macroeconómicos, conclui que se justificam apreciações aprofundadas para 17 Estados-Membros, entre os quais Portugal.
(Notícia atualizada às 17h10)
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