Tripulantes da TAP respondem à CEO com dívida de 12 milhões em “incumprimentos”
Após ouvirem Christine Ourmières-Widener dizer que perda de receitas com a greve equivale ao que tripulantes ganhariam com proposta de acordo da TAP, sindicato alega dívida de 12 milhões de euros.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que marcou greve para 8 e 9 de dezembro, disse esta quinta-feira que a TAP deve aos tripulantes mais de 12 milhões de euros em incumprimentos.
“A administração alega que os ‘ganhos’ que os tripulantes teriam com esta proposta rondariam os oito milhões de euros É aqui que nasce o grande equívoco. Não estamos a falar de cedências. É algo que pertence aos tripulantes e que a empresa retirou de forma unilateral”, começa por referir o SNPVAC, em comunicado enviado aos associados, a que a Lusa teve acesso.
Em causa estão as declarações da presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, na quarta-feira, sobre a decisão de cancelar 360 voos nos dias em que está prevista uma greve de tripulantes de cabine, que vai representar uma perda de receitas de oito milhões de euros, um valor que seria equivalente ao que ao que os tripulantes ganhariam com a proposta de acordo de empresa que a TAP colocou em cima da mesa das negociações.
“Na realidade não são oito milhões de euros, mas sim constantes incumprimentos que ascendem a mais de 12 milhões de euros e que a empresa deve aos tripulantes”, aponta o sindicato.
O SNPVAC considera que as declarações da responsável constituem “um dos maiores ataques à classe”, “uma exposição inqualificável e sem precedentes” e uma “tentativa de pressão e apontar de dedo” feita pela empresa “de forma vergonhosa, junto dos restantes trabalhadores do grupo e da opinião pública”.
“A direção do SNPVAC não fica indiferente a esta campanha de vitimização e recorda à administração, que quem assumiu o fim das negociações foi a empresa e com ultimatos em cima da mesa”, sublinha.
O sindicato esteve reunido com a TAP em 15 e 16 de novembro, no âmbito das negociações do novo acordo de empresa, onde diz ter definido “14 pontos fundamentais” para que pudesse levar à consideração dos associados um possível cancelamento da greve. Entre eles estão a negociação de um novo acordo com base no atual, “substancialmente melhorado”, com o qual, segundo o sindicato, a TAP não concorda.
Fazem ainda parte das exigências do sindicato o ajuste das ajudas de custo, a atualização salarial, ou a efetivação de 11 tripulantes ultrapassados na senioridade, sendo que “a empresa aceitou efetivar estes tripulantes mediante a obrigatoriedade do SNPVAC apresentar a proposta aos associados até dia 22 de novembro”, algo que o sindicato diz ser “impossível de executar estatutariamente”.
“Quem decide os timings [prazos] futuros são os tripulantes. Exigimos respeito. Dia 6 [de dezembro] saberemos estar à altura de mais uma assembleia geral e esperamos transmitir uma inequívoca união entre todos nós”, rematou o SNPVAC.
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