Marcelo nega polémica com o Governo do Qatar. “Tive a ocasião de dizer o que entendia que devia de dizer”
Presidente rejeita que exista "polémica" depois de ter sido noticiado que o Governo do Qatar ouviu declarações "hostis" de figuras do Estado português.
O Governo do Qatar não gostou de ouvir declarações “hostis” de figuras do Estado português no contexto do Mundial. A informação foi notícia em Portugal esta quarta-feira, mas a situação “acabou por não ser polémica”, garante o Presidente da República, que foi questionado sobre o assunto horas depois da vitória da Seleção Nacional frente ao Gana. O Chefe de Estado encontrou apoio e concordância em quem o ouviu falar de direitos humanos esta quinta-feira.
Sem comentar diretamente o puxão de orelhas catari ao embaixador Paulo Neves Pocinho, Marcelo Rebelo de Sousa falou em duas missões. Uma, vencer ao Gana, foi conseguida com sucesso. A outra, presumivelmente a defesa dos direitos humanos no Qatar, também: “Foi uma missão duplamente cumprida, e houve mais dificuldade em cumprir no futebol do que na outra parte, em que tive a ocasião de dizer o que entendia que devia de dizer”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pela CMTV em direto do Qatar.
Esta quinta-feira, o Presidente da República participou numa conferência sobre “Educação de Qualidade”, na qual aproveitou para defender o acesso de homossexuais e migrantes à educação no Qatar. “Os direitos humanos são os direitos sociais, económicos, políticos, mas também os direitos pessoais. E isso é tão importante”, defendeu, indicando que a educação deve “incluir todos”: “Os pobres, os migrantes, pessoas com ideias políticas diferentes, mesmo com orientações sexuais diferentes”, elencou.
Foi uma missão duplamente cumprida, e houve mais dificuldade em cumprir no futebol do que na outra parte, em que tive a ocasião de dizer o que entendia que devia de dizer.
Questionado sobre o facto de outras declarações terem melindrado os responsáveis políticos cataris, Marcelo Rebelo de Sousa disse: “Uma coisa é audiência preparatória da visita do Chefe de Estado, que faz sentido. Depois, o primeiro-ministro ficou ao meu lado e ouvi mesmo, durante o colóquio, que o ambiente era um ambiente (dos vários presentes, das várias nacionalidades) de concordarem com aquilo que eu estava a dizer. Parecia-me, a mim, óbvio, concordando mais numas coisas do que noutras, mas aceitando o ponto de vista que eu exprimia ali em relação a matérias que são fundamentais à minha visão como professor e como Presidente.”
O Qatar, que acolhe este mês o Mundial de futebol, tem estado a ser criticado pelo tratamento dos trabalhadores migrantes, principalmente os que estiveram envolvidos na preparação desta competição, mas também pelas leis conservadoras que o Ocidente entende colocarem em causa os direitos e liberdades dos cidadãos. Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi também alvo de críticas, devido a declarações que foram interpretadas como de desvalorização desta temática.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, atirou, na altura, o Presidente da República. No relvado, Portugal arrancou esta quinta-feira o Mundial com uma vitória de 3-2 frente ao Gana.
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