As soluções inovadoras que estão a mudar o Ensino

  • Diogo Patão
  • 9 Dezembro 2022

E se todos os exames nacionais fossem feitos online? Terá o governo capacidade de entrar no digital sozinho, sem o apoio de soluções inovadoras e de impacto?

Durante a última década vimos alguma inovação no espaço EdTech, tais como aplicações para aprender línguas, mercados para professores e novo software (por exemplo, administração escolar, sistemas de gestão de aprendizagem, etc.), contudo, é muito desafiante inovar na educação, uma vez que grande parte do mercado total é, direta ou indiretamente, controlado pelo governo.

A pandemia veio, no entanto, alterar um pouco a dinâmica ao criar uma súbita e óbvia necessidade de educação digital, o que levou a um número extraordinário de novos projetos e investimentos neste espaço. À medida que as vacinas começaram a ser distribuídas e os bloqueios foram levantados, a pressão desapareceu, a atenção na EdTech desceu “para níveis normais” e houve uma diminuição esperada do número de novos projetos de investimento.

Apesar do valor total dos investimentos no setor EdTech em 2020 ter duplicado desde 2019, o número de negócios diminuiu. No essencial, isto significa que mais dinheiro foi para menos empresas. A Demium, por seu turno, investiu 1.9 milhões de euros em soluções Edtech, pois acreditamos que o investimento na educação terá um impacto no futuro, não só por ajudar os outros a desenvolverem-se e a capacitarem-se, mas também por fornecer ferramentas aos governos para melhorarem os sistemas de educação que sofrem problemas de raiz como a falta de professores e o tempo gasto pelos mesmos com trabalhos que nada têm que ver com o ensino.

A inovação é influenciada pelas macro tendências e, é óbvio, que a Covid-19 criou uma enorme procura na aprendizagem à distância, contribuindo fortemente para um aumento extraordinário do investimento na EdTech. Apesar da maioria dos países estar “de volta ao normal”, ainda existem forças relevantes, tais como uma procura crescente de educação digital (especialmente em África e na Ásia) e, considerado por muitos um dos principais problemas das economias modernas, a escassez de mão de obra. Considero que estes são grandes problemas a resolver, abrindo espaço para o crescimento da EdTech ao longo desta década.

Por exemplo, e se todos os exames nacionais fossem feitos online? Já sabemos que poderá ser uma realidade a partir de 2025 com a digitalização e transformação digital do sistema de educação e das escolas, mas terá o governo capacidade de entrar no digital sozinho, sem o apoio de soluções inovadoras e de impacto?

Algumas soluções que já existem e estão a dar cartas em Portugal são, por exemplo, a Networkme que ajuda os estudantes a tomar melhores decisões de carreira, ligando-os ao mercado de trabalho e permitindo-lhes interagir com áreas selecionadas do ecossistema da carreira; ou a Intuitivo, uma plataforma colaborativa “tudo em um” para permitir aos professores criar, armazenar, gerir, partilhar, publicar e classificar exercícios e testes, quer seja para o ensino à distância ou presencial.

Os professores passam muitas horas a desempenhar tarefas que não têm diretamente a ver com os seus alunos e com as aulas. Ao cortar esse tempo, terão mais tempo para se focar no que é necessário — o ensino. Com soluções como a Intuitivo, ganham tempo para ensinar e delegam tarefas terceiras como classificação de testes, presenças e burocracias para a plataforma. A Intuitivo tem recebido feedback positivo de professores e alunos, o que demonstra a necessidade de mais soluções que permitam aos alunos beneficiar de tempo de qualidade com os docentes. Existe também uma plataforma de marketing e educação de publicidade que, através de casos reais de negócios, permite às empresas conhecer os melhores novos talentos e contratá-los, TheStarter.

Embora os exemplos apontados se encontrem a operar no mesmo setor, o processo para chegar a essas ideias e aos problemas que estão a resolver pode de facto ser muito diferente. Intuitivo, por exemplo, procura resolver as dores dos professores, enquanto TheStarter está a facilitar aos estudantes a obtenção de conhecimentos práticos enquanto constroem a sua carteira e Networkme, que fechou uma ronda de um milhão de euros para a expansão ibérica, está a ajudar os estudantes a dar o salto para as suas carreiras profissionais, resolvendo dores também para as empresas.

Todos eles exploram desafios diferentes, todos eles estão a contribuir para um futuro de educação com menos atrito e mais valor, onde estudantes, professores e empresas estão muito mais alinhados e a trabalhar em conjunto para um novo futuro.

Apesar de a educação ainda ser uma indústria analógica em conflito com um ambiente de ritmo acelerado, estou confiante que irá evoluir e incluir novas tecnologias, como a realidade virtual e aumentada, e novas características como a gamificação e a flexibilidade, nomeadamente através da aprendizagem assíncrona e online.

  • Diogo Patão
  • Diretor de programas da Demium

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