“Se o negócio não gerar dinheiro, também não há dinheiro para a parte social e ambiental”, avisa Mota-Engil
Empresários alertam que negócio também tem de ser lucrativo para ser sustentável e contribuir para a redução da pegada ambiental como resposta aos critérios de sustentabilidade ESG.
“Se o negócio não gerar dinheiro, também não há dinheiro para a parte social e ambiental. É uma ilusão, uma intenção”, defendeu o diretor Global Sustentabilidade & Sheq do Grupo Mota-Engil, José da Silva Almeida, a propósito dos critérios de sustentabilidade ESG (ambientais, social e de governança) que as empresas têm de aplicar para estar na dianteira da competitividade.
Os próprios “investidores já fazem uma filtragem tendo em conta este tipo de preocupações” ambientais num mercado competitivo, sublinhou o diretor Global Sustentabilidade & Sheq do Grupo Mota Engil, durante a 2ª edição do Green Economy Forum, em Vila Nova de Gaia, sob a temática “sustentabilidade como modelo de negócio” como pontapé de arranque.
O grupo assume, por isso, um compromisso para implementar políticas de sustentabilidade. José da Silva Almeida advertiu, contudo, que para ser sustentável e contribuir para a redução da pegada ambiental, um negócio também tem de ser lucrativo.
Não é tanto na própria construção, mas o grande segredo é estarmos mais sensíveis no design e apresentar projetos que façam a diferença.
Já José Eduardo Martins, sócio da Abreu Advogados, é apologista de que para se ser sustentável tem de se “gastar mais dinheiro”. Por isso mesmo, diz o antigo secretário de Estado do Ambiente, “ninguém pode levar a mal que os empresários se defendam”, deixando um alerta de que “países como Portugal vão pagar a descarbonização mais cara”, vão ter uma fatura a pagar. Neste ponto, José Eduardo Martins, acrescenta que “o principal inimigo da economia circular e da sustentabilidade é o conforto a que nos elevamos“.
Mas a Mota-Engil tem um trunfo na manga: posicionar-se no mercado pela diferença. “Não é tanto na própria construção, mas o grande segredo é estarmos mais sensíveis no design e apresentar projetos que façam a diferença”, afirma o responsável pela área da sustentabilidade do grupo.
Na realidade, frisou José da Silva Almeida, “a construção é um mal necessário”. Mais, justificou: Todos precisamos de habitação, de nos dirigir a algum lado. A questão é que vai haver sempre um impacto negativo na construção, porque há um uso de território”. Entende, contudo, que “não se pode olhar para a Mota Engil só como construtora. Tem de haver uma análise estratégica em cada área de negocio”.
Estamos numa fase em que estamos a instalar painéis solares e começámos a produzir energia solar para autoconsumo.
Também os CTT já têm trabalho feito no campo da descarbonização e estão alinhados com o compromisso da neutralidade carbónica, reduzindo a pegada no ambiente. “Já trabalhamos para melhorar a eficiência energética, há mais de uma década, muito associado à aquisição de energia verde. Agora, estamos numa fase em que estamos a instalar painéis solares e começámos a produzir energia solar para autoconsumo”, avançou Maria Rebelo, head of Sustainability dos CTT.
“Este projeto tem impacto nas comunidades envolventes”, alicerçado neste “equilíbrio da vertente social e económica”, destacou Maria Rebelo.
O trabalho dos CTT continua a ser feito nesse sentido, por exemplo através da aquisição de veículos elétricos. “O setor dos transportes tem o seu peso na pegada carbónica global”, reitera de olhos postos na eficiência energética para atenuar o problema das alterações climáticas no planeta.
Além da produção de energias renováveis, o grupo também aponta baterias para a reutilização de embalagens.
“Relativamente à taxonomia, tenho esperança que seja um processo evolutivo. E que se possa comparar os CTT com os correios espanhóis e perceber onde está o investimento verde e as receitas”, afirma a responsável dos CTT. “Mas tentando fazer este equilíbrio entre a gestão ambiental e económica”, refere, terminando: “Espero que o novo mercado de carbono traga novidades”.
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