Multinacionais recuperaram mais depressa da pandemia do que empresas nacionais
Os trabalhadores de filiais estrangeiras em Portugal ganharam em 2021, em média, mais 42,2% do que os das sociedades nacionais. Produtividade aparente do trabalho dos primeiros foi superior em 69,7%.
As empresas estrangeiras que estão em Portugal tiveram uma melhor recuperação do impacto económico da crise provocada pela pandemia de Covid-19 em comparação com as empresas nacionais, ao mesmo tempo que continuam a produzir mais e a pagar mais aos trabalhadores. Em 2021, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) das filiais estrangeiras cresceu 7% face a 2019, enquanto o VAB das empresas portuguesas aumentou 4,1%, segundo os resultados provisórios das Estatísticas da Globalização, publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Na comparação com 2020, o VAB das multinacionais cresceu menos do que o VAB das empresas nacionais, mas estas registaram uma queda maior do VAB nesse ano do que as primeiras: o VAB das filiais estrangeiras em Portugal cresceu 14,8% em 2021 (-6,7% em 2020), correspondendo em termos nominais a um total de 28 mil milhões de euros, e o VAB das sociedades nacionais cresceu 16,2% (-10,4% em 2020).
Evolução dos Gastos com Pessoal, Volume de Negócios e VAB
O número de filiais estrangeiras em Portugal também cresceu em 2021, para 9.706 empresas, ou seja, mais 1,8% face ao ano anterior. O INE nota que, do total do VAB gerado por estas no período em análise, 65,1% diz respeito a sociedades detidas por entidades sediadas em países da União Europeia (UE).
Além disso, o VAB das filiais de grande dimensão (538 sociedades) atingiu 18 mil milhões de euros (64,1% do total das filiais estrangeiras), ao mesmo tempo que o VAB das filiais estrangeiras com perfil exportador (43,7% do VAB total das filiais estrangeiras) cresceu 19,8% em 2021, contra um aumento de 11,2% observado nas filiais sem perfil exportador.
As exportações de bens das multinacionais atingiram 24,1 mil milhões de euros em 2021, mais três mil milhões de euros em relação ao ano anterior (+14,3%), o equivalente a 37,9% do total (menos 1,3 pontos percentuais que em 2020). Contudo, trata-se de um crescimento inferior ao observado nas sociedades nacionais (+21%), refere o INE.
A recuperação das filiais estrangeiras em 2021 refletiu-se ainda ao nível do volume de negócios que, segundo o gabinete de estatísticas, cresceu 13,3%, o que correspondeu a 115 mil milhões de euros, quando em 2020 havia decrescido 8,7%. Por setor de atividade económica, o Alojamento e Restauração e Transportes e Armazenagem destacam-se entre os maiores crescimentos no volume de negócios das filiais estrangeiras (43,4% e 28,2%, respetivamente), mas ainda não recuperaram os níveis de pré-pandemia.
Filiais estrangeiras pagam mais, produzem mais e têm mais trabalhadores do que empresas nacionais
Em 2021, as multinacionais empregavam cerca de 585 mil pessoas, representando 17,7% do total das sociedades não financeiras. Em média, cada filial empregava 60 pessoas em 2020, “valor muito superior ao das sociedades nacionais”, que empregavam uma média de seis pessoas, sublinha o INE.
As filiais de grande dimensão, que empregavam cerca de 405 mil pessoas no ano passado, registaram um crescimento de 2,7% no pessoal ao serviço, o que mais do que compensou a redução de 1,9% observada em 2020. O aumento do pessoal ao serviço foi ainda superior entre as filiais de empresas estrangeiras com perfil exportador (+4,8%).
A produtividade aparente do trabalho (medida pelo VAB gerado por cada unidade de pessoal ao serviço) e a remuneração média mensal por pessoa ao serviço das filiais estrangeiras foram superiores em 69,7% e 42,2% às observadas nas sociedades nacionais, atingindo respetivamente 47.507 euros e 1.518 euros, em 2021.
Remuneração média mensal e produtividade aparente do trabalho em 2021
As filiais estrangeiras empregavam cerca de 571 mil pessoas, em 2020, representando 17,8% do total das sociedades não financeiras. Em termos médios, cada filial empregava 63 pessoas em 2020, valor muito superior ao das sociedades nacionais, que empregam uma média de seis pessoas.
Já o número de sociedades nacionais aumentou 3,8%, para um total de 457.537. No que diz respeito ao pessoal ao serviço e ao volume de negócios, as empresas portuguesas cresceram, respetivamente, 2,5% e 16,9%, após a contração registada em 2020, com reduções de 1,7% e 10,3%, pela mesma ordem.
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