Filiais estrangeiras resistiram melhor à Covid que empresas nacionais
As filiais estrangeiras registaram uma quebra na atividade inferior à registada nas empresas nacionais. Porém, recorreram mais ao lay-off e as suas exportações caíram mais.
Em média, as empresas estrangeiras que estão em Portugal produzem mais, investem mais e pagam melhor aos trabalhadores e, em 2020, conseguiram resistir melhor ao impacto económico da crise pandémica em comparação com as empresas nacionais. O valor acrescentado bruto das filias estrangeiras encolheu 7,3% no ano passado ao que as empresas portuguesas registaram uma queda de 11,5%.
“O VAB das filiais estrangeiras em Portugal diminuiu 7,3% em 2020 (+13,8% em 2019), correspondendo em termos nominais a um total de 24 mil milhões de euros“, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE), notando que o “o VAB das sociedades nacionais decresceu 11,5% (+3,6% em 2019)”. A maior parte das filiais estrangeiras (75%) pertencem a empresas com origem em países da União Europeia.
É de notar que existem apenas 9.101 filias estrangeiras em Portugal e que estas tendem a concentrar-se em determinados setores, ao passo que existem milhares de empresas nacionais dos mais diversos setores, nomeadamente dos que mais foram atingidos pela pandemia como é o caso do turismo (restauração e alojamento, por exemplo).
Por exemplo, o setor da informação e comunicação, onde estão muitas filiais estrangeiras, registou um crescimento de 14,2% do valor acrescentado bruto, em 2020, em contraciclo com os outros setores, por causa da pandemia, neste caso pelo recurso maior a essas tecnologias devido ao teletrabalho e escola à distância.
Apesar da Covid-19, o salário médio (bruto, ou seja, antes de descontados os impostos) pago pelas filiais estrangeiras aumentou 1,2% em 2020 para 1.414 euros mensais. O INE revela que as “as filiais estrangeiras recorreram de forma mais intensa às medidas de lay-off simplificado em 2020″, num total de 29,5% do total, em comparação com 25,4% das sociedades nacionais. O recurso ao lay-off permitiu “atenuar os efeitos negativos da pandemia na remuneração média mensal, de forma mais intensa nas filiais estrangeiras, dado o seu peso relativo mais elevado”.
Ainda que no VAB tenham resistido melhor, as filiais estrangeiras tiveram um desempenho pior que as nacionais no que toca ao comércio internacional. De acordo com o INE, as exportações das filiais estrangeiras diminuíram 3,1 mil milhões de euros (-12,8% face a 2019) enquanto as exportações das empresas nacionais encolheram três mil milhões de euros (-8,5%).
Acresce que as sociedades nacionais já superaram os níveis de exportações pré-pandemia (+9,6% face a 2019) este ano ao passo que as filiais estrangeiras continuam a apresentar quedas em comparação com 2019 (-2,2%).
As filiais estrangeiras empregavam cerca de 571 mil pessoas em 2020 e, em média, cada filial empregava 63 pessoas, “valor muito superior ao registado nas sociedades nacionais (seis pessoas)”. A produtividade aparente do trabalho é superior em 73,1% face às sociedades nacionais, atingindo 42.225 euros em 2020.
“Estes indicadores estão mais próximos quando se comparam filiais estrangeiras e sociedades nacionais de grande dimensão (+15,6% e +7,6%, respetivamente, nas filiais face às sociedades nacionais)”, acrescenta o INE.
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