Macron pede a Musk mais “moderação de conteúdos” no Twitter. FBI teme “manipulação” chinesa no TikTok

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2022

Presidente francês teve “conversa clara” com Elon Musk, dono da Tesla e SpaceX, que comprou o Twitter e defende liberdade de expressão absoluta. FBI teme "manipulação" chinesa no TikTok.

O Presidente de França disse ter mantido “uma conversa clara e sincera” com o novo proprietário do Twitter Elon Musk, para insistir que a rede social deve melhorar a transparência e “reforçar a moderação de conteúdos”.

Numa série de mensagens escritas no Twitter, Emmanuel Macron disse também ter discutido, em Nova Orleães, na sexta-feira, com o fundador da Tesla, “futuros projetos industriais verdes, tais como a produção de veículos elétricos e baterias”, sem avançar pormenores.

“Estou a falar disto aqui no Twitter, porque é disso que se trata. Esta tarde encontrei-me com Elon Musk e tivemos uma conversa clara e sincera”, escreveu Emmanuel Macron, em francês e inglês. A reunião, de uma hora, não foi previamente anunciada pelo Eliseu, e decorreu sem a presença dos meios de comunicação social.

“Elon Musk confirmou a participação do Twitter no Apelo Christchurch. O conteúdo terrorista e violento não tem lugar em lado nenhum”, acrescentou Macron, referindo-se a uma iniciativa lançada, em 2019, por vários Estados e organizações não-governamentais, na sequência do massacre de Christchurch na Nova Zelândia, cujas imagens continuaram acessíveis ‘online’, durante várias horas.

Musk, que além da Tesla é também dono do SpaceX [viagens espaciais], comprou o Twitter, em outubro, por 44 mil milhões de dólares (41,7 mil milhões de euros). Mas a visão de Musk, que defendeu uma liberdade de expressão absoluta na rede social, está a causar preocupação entre muitos utilizadores, autoridades e anunciantes, por temerem um aumento de mensagens de de ódio e desinformação.

No início, o empresário prometeu um conselho de moderação de conteúdos responsável por todas as grandes decisões, mas posteriormente decidiu restabelecer várias contas, a começar pela do ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, banido da rede social depois do assalto ao Capitólio, em janeiro de 2021.

Musk pôs também fim à luta contra a falsa informação ligada à Covid-19, o que é um “grande problema”, de acordo com Emmanuel Macron. “Penso que temos de encarar o assunto, sou a favor exatamente do oposto, mais regulamentação. Estamos a fazê-lo [em França] e estamos a fazê-lo a nível europeu”, disse Macron, na quinta-feira, numa entrevista ao canal ABC.

O chefe de Estado francês insistiu que a liberdade de expressão “implica responsabilidades e limites. Não se pode sair e fazer comentários racistas ou antissemitas”.

Depois de adquirir o Twitter, Musk despediu mais de metade dos trabalhadores do grupo californiano, sem poupar as equipas de moderação de conteúdos. Recentemente, esclareceu os seus limites pessoais sobre a liberdade de expressão numa série de tweets. Na sexta-feira, a conta do ‘rapper’ norte-americano Kanye West no Twitter foi suspensa por “incitar à violência”, depois de ter afirmado que admirava Hitler.

Elon Musk também disse que não ia permitir o regresso à rede social do teórico da conspiração da extrema-direita norte-americana Alex Jones, que foi condenado por afirmar que um massacre escolar foi encenado por elementos do movimento de oposição às armas de fogo. Depois da morte do primeiro filho, Musk explicou que seria “impiedoso para quem usasse a morte de crianças para obter ganhos financeiros, políticos ou fama”.

Emmanuel Macron concluiu a série de tweets com esta declaração: “Vamos trabalhar com o Twitter para melhorar a proteção das crianças online. Elon Musk confirmou-me isto hoje [sexta-feira]. Vamos fazer um melhor trabalho de proteção dos nossos filhos online“. O Presidente francês publicou ainda uma fotografia dos dois homens, no Museu de Arte de Nova Orleães, onde mais tarde fez um discurso sobre a Francofonia no final de uma visita de Estado de três dias aos EUA.

FBI: uso do TikTok pode ter implicações na segurança nacional

Já o diretor do FBI, Chris Wray, manifestou este sábado preocupações de segurança nacional em relação ao TikTok, alertando que o controlo da famosa rede social pertence a um Governo chinês que não partilha os mesmos valores dos Estados Unidos. Realçou que a polícia federal norte-americana está preocupada com o facto de os chineses terem a capacidade de controlar o algoritmo de recomendação da aplicação, o que lhes permite “manipular o conteúdo e, se quiserem, utilizá-lo para influenciar operações”

O responsável do FBI também destacou que a China pode utilizar a rede social de partilha de vídeos para recolher dados dos seus utilizadores, que podem ser usados para operações de espionagem. “Todas estas coisas estão nas mãos de um Governo que não partilha os nossos valores e que tem uma missão que está em desacordo com o que é do melhor interesse dos Estados Unidos. Isso deve-nos preocupar”, sublinhou Wray durante uma audiência na Escola de Políticas Públicas Gerald R. Ford, da Universidade de Michigan.

O TikTok é propriedade da ByteDance, com sede em Pequim. Um porta-voz desta rede social não respondeu imediatamente a estas declarações, noticiou a agência Associated Press (AP).

Em setembro, durante uma audiência no Senado, a diretora de operações da TikTok, Vanessa Pappas, garantiu que a empresa protege todos os dados de utilizadores norte-americanos e que as autoridades ligadas ao Governo chinês não têm acesso a estes. “Nunca partilharemos dados, ponto final”, vincou.

Preocupado com a influência da China sobre o TikTok, o Governo de Donald Trump ameaçou em 2020 proibir a aplicação nos EUA e pressionou a ByteDance a vender o TikTok a uma empresa norte-americana. As autoridades dos EUA e a empresa estão agora em negociações sobre um possível acordo que resolveria as preocupações de segurança dos norte-americanos, um processo que Wray disse estar a decorrer em agências do Governo dos EUA, liderado por Joe Biden.

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