Trabalhadores do BPI pressionam banco a pagar cheque anti-inflação
Vários bancos já anunciaram apoios para aliviar impacto da inflação. O BPI ainda nada anunciou e trabalhadores estão descontentes. Comissão quer cheque de 1.108 euros face ao aumento de custo de vida.
Caixa, Santander, BCP, Montepio… os bancos portugueses estão a pagar apoios extraordinários aos seus quadros para mitigar o impacto da inflação. No BPI ainda nada foi anunciado e a falta de notícias está a criar mal-estar e descontentamento entre os trabalhadores. “O banco tem bons resultados e é incompreensível que não avance com apoios, como os outros”, diz Sandra Félix Salgado, coordenadora da comissão de trabalhadores do BPI, em declarações ao ECO.
Face a esta situação, a comissão de trabalhadores enviou no final do mês passado um conjunto de propostas à administração do banco, com quem espera discutir numa reunião a ter lugar nos próximos dias. Entre os dez pedidos feitos à gestão liderada por João Pedro Oliveira e Costa está um apoio pontual de 1.108 euros, a ser pago ainda este mês – o que seria o maior apoio entre os bancos que já avançaram com este tipo de medidas, com cheques entre 250 euros e 900 euros.
“Os trabalhadores questionam-nos sempre que um banco anuncia medidas de apoio contra a inflação. Se o BPI estivesse numa situação de dificuldade, os trabalhadores perceberiam que o banco não tivesse capacidade para apoiar. Mas não é o caso”, explica a coordenadora. Até setembro, o BPI registou uma subida de 18% dos lucros para 286 milhões de euros.
A comissão de trabalhadores também pede um ajuste salarial de 9% no próximo ano (bem acima do que estão a pedir os sindicatos do setor), com um mínimo de 150 euros/mês, e ainda que o banco aumente o subsídio de refeição para 14 euros. As medidas foram apresentadas no dia 25 de novembro. “Não nos foi dito nada ainda”, afirma Sandra Félix Salgado.
Contactado pelo ECO se vai avançar com apoios extraordinários, o banco não quis comentar.
Do lado dos trabalhadores há alguma apreensão sobre se vão ser tomadas medidas para ajudar a fazer face ao aumento do custo de vida. Recentemente, o departamento de recursos humanos enviou uma comunicação interna a dar conta de “medidas estruturais” que já foram tomadas ao longo do ano e que “são mais benéficas a médio e longo prazo” para os trabalhadores, deixando a entender que o banco não ia avançar com apoios pontuais, como já anunciaram os concorrentes. O BCP, um banco que enfrenta uma situação mais desafiante, apoiou os trabalhadores com um cheque até 500 euros.
O departamento do BPI salientou o fim dos níveis 5 e 6 (que correspondem basicamente aos níveis de quem acabou de entrar) no banco, com todos os trabalhadores nestes patamares a subirem para o nível 7, implicando com isso uma valorização salarial e um novo salário mínimo praticado no banco.
Para a comissão, a medida é positiva, mas insuficiente, pois abrange uma pequena franja de trabalhadores. Quer por isso uma resposta do banco.
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