Menos de 20% das organizações veem futuro do trabalho na agenda do CEO
Existe uma lacuna entre a expectativa e a realidade. Apesar de o futuro do trabalho ser encarado como um tema importante nas organizações, são poucas as que estão efetivamente a implementar medidas.
O futuro do trabalho é mais do que estabelecer políticas relativas aos modelos híbrido ou remoto. Implica melhorias em áreas como a liderança, aprendizagem e desenvolvimento e modelos de talento. No entanto, embora quase todos os executivos encarem estes temas como dimensões importantes do futuro do trabalho, menos de 20% dos inquiridos acredita que são tidos como uma prioridade na agenda do seu CEO. Poucos são os que estão efetivamente a traduzir a convicção de que é importante criar um futuro do trabalho melhor em ações, revela um novo estudo da Boston Consulting Group (BCG).
“A nossa pesquisa demonstra a importância de garantir que as iniciativas relacionadas com o futuro trabalho estão na agenda do CEO”, começa por afirmar Debbie Lovich, líder global da BCG para o futuro do trabalho e coautora do relatório.
“Os resultados do inquérito tornam-no claro: quando estas iniciativas estão na agenda do CEO, as empresas têm cinco vezes mais probabilidades de se tornarem líderes do futuro do trabalho”, acrescenta.
Mais de 90% dos inquiridos considera a liderança importante para um futuro do trabalho melhor, embora também afirmem que as suas empresas não estão a dar o apoio adequado para assegurar que os líderes têm o que precisam para ter sucesso nesta frente. Por exemplo, apenas 20% vê uma melhoria da cultura organizacional e dos comportamentos dos líderes seniores e apenas 15% considera requalificar os gestores para gerir, inspirar e treinar equipas distribuídas, como prioridades para o CEO.
Empresas com maior percentagem de trabalhadores deskless estão a ficar para trás
O estudo revela ainda que, quando se trata de implementar novas iniciativas, mais em linha com aquilo que se pensa que será o futuro do trabalho, as organizações e indústrias com uma elevada percentagem de trabalhadores deskless, que têm que estar fisicamente na empresa para desempenhar a sua função, estão a ficar para trás face às que possuem mais funções de secretária e que, portanto, são mais passíveis de adotar modelos remoto.
As indústrias de telecomunicações, tecnologia e seguros, que têm aproximadamente um quarto ou menos dos seus colaboradores em funções necessariamente presenciais, apresentam melhores níveis de preparação para o futuro do trabalho.
Já os setores da energia, dos bens de consumo e de retalho – cuja maioria dos postos corresponde a trabalhadores deskless – são os que obtêm uma classificação mais baixa. Em 38% de todas as organizações inquiridas falta ainda implementar novas iniciativas, tais como horários flexíveis e benefícios diferenciados para este tipo de trabalhadores.
Globalmente, apenas 4% das empresas se consideram líderes da indústria em termos de preparação para adequar o modelo de trabalho aos trabalhadores presenciais e apenas 8% dos CEO consideram o aumento do apoio aos trabalhadores na linha da frente uma prioridade. Estes números ilustram o facto de os empregados que continuaram a trabalhar em fábricas, lojas e no terreno durante a pandemia carecerem do apoio dos seus empregadores, depois de terem sido anteriormente aclamados como heróis.
Um dado que, cruzado com uma das conclusões do último inquérito global sobre empregabilidade da BCG — que mostrava que 37% do talento dedicado a funções deskless estava em risco de abandonar os seus empregos nos seis meses seguintes por razões como a falta de flexibilidade, de oportunidades de progressão na carreira e compensação — assume ainda maior importância. Para evitar níveis de rotatividade tão significativos, as empresas devem priorizar os esforços que assegurem um melhor ambiente de trabalho para os trabalhadores que não têm a opção de modelo híbrido.
“Globalmente, apenas 4% das empresas se consideram líderes da indústria em termos de preparação para adequar o modelo de trabalho aos trabalhadores presenciais e apenas 8% dos CEO consideram o aumento do apoio aos trabalhadores na linha da frente uma prioridade”, comenta Sebastian Ullrich, managing director e partner da BCG e coautor do relatório.
“Estes números ilustram o facto de os empregados que continuaram a trabalhar em fábricas, lojas e no terreno durante a pandemia carecerem do apoio dos seus empregadores, depois de terem sido anteriormente aclamados como heróis”, completa.
O estudo “The Future of Work is More Than Where to Work” baseia-se num inquérito global a líderes seniores de 47 países, incluindo Portugal, dos quais um terço ocupa cargos executivos, de aproximadamente 350 empresas de diferentes indústrias, representando mais de seis milhões de empregados, e pretende identificar a sua progressão na criação de um futuro do trabalho melhor.
Pode ser consultado na íntegra aqui.
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