Ecossistema de startups português levantou 710 milhões em 2022
Ecossistema nacional perde posições nos rankings internacionais. Fiscalidade e menos burocracia são aspetos a melhorar segundo os fundadores.
O ecossistema de startups português levantou 710 milhões de euros em 2022, dos quais 421 milhões canalizados para startups com sede em Portugal, revelou o estudo Building a Scale Up Nation, realizado pela IDC para a Startup Portugal, apresentado esta quarta-feira. O valor globalmente angariado pelo ecossistema este ano recua face 1.473 milhões de euros levantados em 2021, ano em que seis startups com ADN nacional atingiram o patamar unicórnio.
“No ano passado levantou-se cerca de 1,5 mil milhões de euros junto a VC e este ano cerca de 700 milhões, o que representa uma quebra quase para metade, mas esse crescimento no ano passado deve-se em muito a rondas de investimento como a da Anchorage ou da Remote”, refere António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, durante a apresentação do estudo.
Mas, se globalmente, a evolução revela uma queda dos montantes levantados pelas startups junto de fundos de investimento, no que toca às startups com sede em Portugal a evolução é positiva: aumentando de 169 milhões em 2021, para 421 milhões este ano. Ao nível de early growth a evolução foi igualmente positiva, com as startups a ver o investimento dos fundos a subir de 53 milhões para 109 milhões, de acordo com o estudo, citando dados da Dealroom.
Destes montantes, 344 milhões foram levantados junto a fundos de investimento internacionais — no ano anterior tinha sido 103 milhões — e 77 milhões por fundos em Portugal, uma subida face aos 66 milhões no ano passado.
Desde 2017 foi levantado pelo ecossistema de startups português 3.830 milhões, dos quais 74% por startups com sede fora do país, sobretudo nos Estados Unidos. Montantes levantados com tickets de mais de 100 milhões foi para um pequeno grupo de empresas, nomeadamente os Unicórnios (Remote, Anchorage Digital, Sword Health, Feedzai, Outsystems e Farfetch) e a Power Dot, aponta o estudo.
Do montante global levantado desde 2017, 25% foi canalizado para fintechs — só a Anchorage representa 430 milhões e a Remote 415 milhões –, 22% para enterprise software e 12% marketing.
O estudo faz ainda um retrato do ecossistema composto por 2.039 startups e scaleups registadas e verificadas pela Dealroom, com 49.800 colaboradores, e com uma avaliação global de 34,5 mil milhões. Mas, se considerarmos todos os dados (verificados e não verificados) há um potencial de 3.880 startups e scaleups com 69.100 colaboradores e com uma avaliação de 34,7 mil milhões.
Destas, 62% estão em fase seed, 28% de early growth e 10% em late growth, com Lisboa (43%), Porto (21%) e centro (19%) concentram a maior parte das empresas.
Portugal a perder posições nos rankings internacionais
Apesar dos montantes levantados, o estudo aponta alguns sinais de alerta sobre o dinamismo do ecossistema, com vários rankings internacionais de referência a apontarem perda de competitividade. De acordo com o Startup Blink 2022, entre 100 países, Portugal ocupa a 28.ª posição — menos uma posição que no ano anterior — e no Global Innovation Index do WIPO também recuou uma posição, para o 32.º lugar.
Lisboa — onde se concentram a maioria das startups — cai da 17.ª posição no ranking do Startup Genome, para a se situar na faixa dos 41-50 posições, entre os 100 ecossistemas emergentes.
A avaliação dos fundadores sobre o ecossistema também não é toda ela positiva, como revela o inquérito respondido por 125 startups. “Quase um terço dos empreendedores não está satisfeito”, relata Gabriel Coimbra, country manager da IDC, situação que classifica de “preocupante”.
Pontos de melhoria? “Mais de 70% aponta alterações a nível de fiscalidade como um ponto de melhoria e mais de 50% a criação de ofertas de investimento para investidores privados e 50% simplificação da burocracia”, elenca Gabriel Coimbra.
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