Do bacalhau ao bolo-rei, ceia de Natal está mais cara

Com o Natal à porta, os portugueses começam a preparar o habitual convívio em família. Este ano, a Consoada vai pesar mais na carteira, com os preços a dispararem até 43%. Supers apostam em promoções.

Este ano, o Natal volta a ser celebrado no habitual convívio alargado a toda a família, contudo, a pressão inflacionista que se faz sentir, agravada pela invasão russa à Ucrânia, está a refletir-se no preço dos produtos típicos consumidos nesta época festiva. Do bacalhau ao cabrito, passando pela couve e até ao bolo-rei e chocolates, os aumentos de preços oscilam entre os 4% e os 43%. À semelhança do que é habitual os supermercados apostam nas promoções e há também opções mais em conta.

Apesar de a inflação estar a dar sinais de abrandamento, tendo-se fixado em 9,9% em novembro, os produtos alimentares estão a subir há 14 semanas consecutivas, pelo que a lista de compras vai pesar mais na carteira na época festiva deste ano. É o caso do bacalhau, um dos produtos mais procurados para a ceia de Natal, que está a custar 12,64 euros por quilo (kg), o que representa uma subida de 19% (cerca de dois euros por kg) face à semana de 5 de janeiro, de acordo com os dados do cabaz monitorizado pela Deco, cedidos ao ECO.

Ainda assim, o bacalhau não é um dos produtos alimentares com maiores aumentos, dado que este é um “produto âncora para os retalhistas e, por isso, há muito interesse em controlar os preços”, sublinhou o diretor do Conselho Norueguês dos Produtos do Mar (NSC) para Portugal, à Lusa. Segundo este organismo, o preço do bacalhau aumentou, pelo menos, 0,77 euros por quilo até ao final de junho. O preço médio do bacalhau, seco e congelado, avançou 9,8%, ao passo que no comércio moderno (supermercados, hipermercados e minimercados) o valor cresceu 1%.

O bacalhau, um dos produtos mais procurados para a ceia de Natal, está a custar 12,64 euros por quilo, uma subida de 19% face ao ano anterior.Hugo Amaral/ECO

Nesse sentido, e à semelhança do que é habitual, as grandes cadeias apostam nas promoções do bacalhau, pelo que poderá encontrar nestes estabelecimentos opções mais em conta. No Pingo Doce, por exemplo, o bacalhau seco custa 8,99 por kg (um desconto de 35% face ao preço inicial), enquanto no Continente há opções a 11,49 euros por kg, de acordo com os folhetos promocionais disponibilizados nos sites dos retalhistas e consultados pelo ECO.

Já no Auchan encontra bacalhau seco por 12,99 por kg (um desconto de quase 19% face aos 15,99 euros iniciais). De sublinhar, que o bacalhau seco é tendencialmente mais barato do que o bacalhau demolhado. Por isso, e em alternativa, pode optar pelo paloco, cujos preços rondam, desde os 3,49 euros por kg nestes supermercados.

A pesar na fatura estarão ainda os produtos que acompanham este prato típico. A couve custa agora 1,42 kg, o que representa um aumento de 43% face a janeiro deste ano (só no último mês o preço aumentou 10%), a batata vermelha custa agora mais 34% (1,17 euros por kg), e o azeite virgem aumentou 32%, de acordo com as contas da Deco. Já o grão cozinho aumentou cerca de 11% desde o início da guerra, estando atualmente a custar 1,68 euros por kg.

O polvo é outro prato típico consumido na consoada, sobretudo na região Norte. Nos primeiros nove meses deste ano, o preço do polvo em lota aumentou 9% face a 2021, de acordo com os dados da Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança, citados pela SIC. Também o polvo congelado atingiu valores elevados, mas os preços têm caído nas últimas semanas. E também aqui os retalhistas apostam nas promoções: no Continente o polvo congelado está disponível desde 11,99 euros por kg (desconto de 20% face aos 14,99 euros por kg iniciais), enquanto o Pingo Doce tem à venda polvo congelado a 9,99 por kg (face aos 12,99 euros por kg iniciais), de acordo com o site destas cadeias.

 

Já se preferir comprar um polvo fresco, os preços são tendencialmente mais caros ainda que o Continente tenha uma promoção de 10,99 euros por kg (custava 13,99 euros/kg). Em alternativa ao polvo pode optar pela pota, com os preços a oscilarem entre os 4,99 euros por kg e os 6,49 kg, no supermercado do grupo Sonae e no Auchan, respetivamente.

Peru dispara 30% face ao ano passado. Cabrito, leitão e borrego aumentam 15%

A escalada de preços chegou também à carne utilizada em vários pratos típicos consumidos pelos portugueses nesta altura. A perna de peru custa agora 4,50 euros por kg, isto é, mais 24% face ao preço praticado no início deste ano, segundo a monitorização feita pela Deco.

Este cenário é igualmente traçado pela presidente da Associação dos Comerciantes de Carne do Concelho de Lisboa e Outros, que sinaliza que “a percentagem de aumento das aves é de cerca de 30%”. Já no que toca a outros pratos típicos consumidos nesta altura, como o cabrito, o borrego ou o leitão o aumento é de cerca de 15%. Contudo, é neste setor que “se nota maior redução de consumo”, dado os preços mais elevados destes produtos.

“A escalada evidente na área alimentar, particularmente no setor da carne traz uma consequente diminuição do consumo” nesta época natalícia, sinaliza ainda Marinela Lourenço, em declarações ao ECO. Perante a escalada de preços, uma opção poderá ser juntar os amigos e vizinhos e encomendar o cabrito ou borrego diretamente aos produtores, sendo que quanto maior for a quantidade mais barato é.

E para acompanhar estes pratos típicos não pode faltar pão e vinho. À boleia do aumento dos custos das matérias-primas, nomeadamente farinha e energia, o preço do pão tem vindo a aumentar ao longo do ano, sendo esperado que esta trajetória se prolongue no próximo ano. Já no que toca vinho, a título de exemplo, uma garrafa de vinho branco do Alentejo aumentou 11% face a janeiro, estando atualmente a custar 2,69 euros, enquanto uma garrafa de vinho tinto do Douro subiu 5% no mesmo período para 4,61 euros.

Além do bacalhau, supers apostam nas promoções dos doces

Além disso, na tradicional mesa de consoada não podem faltar os doces típicos de Natal, cujos preços também vão pesar mais na carteira este ano à boleia dos preços das matérias-primas, como a farinha, óleo ou açúcar. Na Confeitaria Nacional o bolo-rei de um quilo custa 27 euros, já na Pastelaria Versailles, em Lisboa, um bolo com o mesmo peso custa 24,50 euros, de acordo com a recolha feita pelo ECO. Ligeiramente mais caro é o bolo-rainha: na Confeitaria Nacional fica-lhe por 28,90 euros (1 kg), enquanto na Pastelaria Versailles custa 29 euros.

Também no plano da doçaria, os supermercados podem ser opções mais em conta e contam com algumas promoções,ECO

 

Ao mesmo tempo, na Confeitaria Nacional os sonhos custam 1,65 euros a unidade, as rabanadas 1,75 euros e as azevias 1,95 euros a unidade. Já na Pastelaria Versailles, os sonhos custam 1,30 a unidade, mas se preferir e ligeiramente mais em conta pode comprá-los a peso: a unidade a peso é 23kg. Já as rabanas custam 2,99 euros a unidade e as azevias 1,90 euros a unidade.

Também no plano da doçaria, os supermercados podem ser opções mais em conta e contam com algumas promoções, segundo constatou o ECO através dos folhetos promocionais disponibilizados nos respetivos sites. Ao ECO, fonte oficial da Jerónimo Martins realça que “no Pingo Doce, a categoria de Padaria e Pastelaria é marcada por uma forte dinâmica promocional ao longo do ano, em particular na época festiva do Natal, de modo a proporcionar oportunidades de poupança aos clientes em vários artigos”.

No Pingo Doce um bolo-rei custa 8,49 euros por kg, isto é, um terço valor praticado na Confeitaria Nacional, e o bolo-rainha custa 10,99 euros por kg (tendo chegado a custar 9,99€/kg quando estava em promoção). Já os sonhos custam 0,99 euros a unidade, as rabanadas 1,19 euros cada e as azevias 1,09 euros a unidade.

Já no Continente um bolo-rei de 1kg custa 6,99 euros, ao passo que o bolo-rainha de 850 gramas custa 8,89 euros, uma embalagem de cinco sonhos custa 2,98 euros (cerca de 60 cêntimos a unidade), uma embalagem de quatro rabanadas custa 2,98 euros (cerca de 75 cêntimos a unidade), à semelhança de uma embalagem de quatro azevias de grão.

No Auchan, um bolo-rei de um quilo custa desde 6,99 euros, ao passo que o bolo-rainha custa desde 10,99 euros por kg. Ao mesmo tempo, uma embalagem de cinco sonhos fica-lhe por 2,98 euros (cerca de 60 cêntimos a unidade) e uma embalagem de quatro rabanadas custa 2,98 euros (cerca de 75 cêntimos a unidade), à semelhança do que é cobrado por uma embalagem de azevias, confirmou fonte oficial do grupo ao ECO, sinalizando que os preços vão estar em vigor até 27 de dezembro.

Além do típico bacalhau, polvo, cabrito, borrego, leitão ou bolo-rei, nesta época festiva aumenta também o consumo de outros doces, nomeadamente as mousses de chocolate ou os chocolates em forma de “Pai Natal”. Mas aqui os aumentos serão menos significativos. O preço da tablete de chocolate para culinária aumentou apenas 4% desde janeiro, de acordo com os dados da Deco, custando 1,72 euros e já dando sinais de abrandamento (recuou 6% em dezembro face ao preço praticado em novembro).

Nesta época festiva aumenta também o consumo de outros doces, nomeadamente as mousses de chocolate ou os chocolates em forma de “Pai Natal”.Pixabay

Já a presidente da Imperial, empresa que detém as marcas Regina, Jubileu, Pantagruel, Pintarolas ou Allegro, garantiu ao ECO que a histórica fábrica de chocolates decidiu “incorporar uma grande parte dos incrementos de custos que teve, em detrimento dos seus benefícios, e não repercutir na totalidade esses aumentos para os clientes e consumidores”.

Nesta quadra natalícia, até os guardanapos vão ficar mais caros. Em janeiro, a Navigator tinha aumentado os preços de produtos como papel higiénico, guardanapos, rolos de cozinha e toalhas de mão em 15%. Foi o segundo aumento no espaço de um mês e justificado com a subida dos custos de custos em produtos químicos, energia, materiais de embalagem e logística e celulose. Não obstante, se quiser poupar, em alternativa pode sempre usar guardanapos de pano, uma opção também mais ecológica.

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