Empresas de vinhos apontam aumento de vendas de gama média-alta neste Natal

  • ECO e Lusa
  • 20 Dezembro 2022

Empresas de vinhos apontam aumento de vendas de gama média-alta neste Natal, apesar do receio do comportamento do mercado em 2023 face ao contexto internacional.

Empresas de vinhos apontam para um aumento das vendas neste final de ano e época de Natal, principalmente nas categorias superiores e mais caras. Mas o setor está preocupado com o comportamento do mercado em 2023.

“Há um mês víamos este Natal já com alguma preocupação Felizmente, parece não ser isso que se está a passar. Ou seja, de alguma forma os portugueses estão a continuar a comprar vinhos e a comprar as categorias especiais e gamas mais altas”, afirma Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, a Associação Interprofissional do Vinho.

Frederico Falcão prevê, contudo, um ano 2023 “difícil”, considerando que “tudo depende da conjuntura económica, política e social e, sobretudo, do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia”. Frederico Falcão admite estarem “com receio, porque há muita instabilidade nas economias, sobretudo na Europa. Aliás, na exportação já se sente a Europa a retrair”.

Os indicadores neste Natal culminam também com um bom ano para as exportações dos vinhos portugueses. Segundo a ViniPortugal, os dados até outubro revelam que em 2022 as exportações atingiram o valor mais alto de sempre, designadamente 771,7 milhões de euros. O que representou um crescimento de 1,35% em valor e 1,87% em preço médio, embora com uma quebra de volume (0,51%) face ao período homólogo de 2021. Os três mercados com maior destaque são Angola, México e Bélgica.

Já a Costa Boal Family Estates, empresa de António Boal, com sede em Trás-os-Montes e produção ainda no Douro e Alentejo, está a sentir um aumento da procura dos vinhos premium nesta época. “Foi um objetivo que colocámos na nossa empresa de aumentarmos a qualidade, mas também o preço; o que nos veio dar alguma força e segmentação de mercado devido ao aumento das matérias-primas”, afirma o empresário António Boal.

“Estamos a crescer mais do que o planeado nos vinhos de gama média-alta. Há uma grande procura, acima das expectativas“, frisa o empresário, calculando um “crescimento entre os 20% e os 25%” em vários destes vinhos.

António Boal aproveita para realçar o “bem-sucedido” projeto que lançou com Francisco Costa, o ex-jogador de futebol conhecido como “Costinha”, com garrafas de 1,5 litros de vinho a 600 euros, referindo que “metade” desta colheita já está vendida.

Com uma faturação de 1,7 milhões de euros em 2021, a Costa Boal pretende, este ano, ultrapassar os 2,1 milhões; o que representa um crescimento da ordem dos 25%. A exportação representa cerca de 38% das vendas.

Também a diretora-geral da Quinta do Pessegueiro (Douro), Célia Varela, destaca a “grande procura pelos topos de gama” neste Natal, apontando uma “procura de 28% superior a 2021”, ou seja, “mais 25.000 garrafas”. Exemplificou com um vinho colocado no mercado a um preço médio de 59 euros, produzido a partir de uvas de vinhas centenárias e só em “anos especiais”, que já “se encontra esgotado”.

Para Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim, no Alentejo, o aumento da procura, no primeiro Natal pós-pandemia, “revela uma mudança interessante no mercado nacional que está a valorizar cada vez mais o vinho premium em detrimento de vinhos mais correntes”.

Segundo a Martins Wine Advisor, consultora especializada de vinhos, a procura subiu cerca 300% no canal horeca (restauração, hotelaria) comparado a 2021, ano marcado pela pandemia, referindo que também a construção de garrafeiras privadas tem contribuído para o aumento das vendas de vinho.

A diretora-geral desta consultora, Micaela Ferreira, confirma também “uma grande procura pelos topos de gama nacionais e estrangeiros”.

Já a Enoport revelaque as vendas de Natalatingiram resultados muito positivos” e em muito também graças às edições especiais de Natal, em embalagens de madeira e com garrafas de grandes dimensões, representando “2 a 3% do total anual” das vendas da produtora da região do Tejo.

A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) confirma “um padrão que se mantém quase todos os anos com vendas superiores nos meses de setembro, outubro e novembro em relação aos meses restantes”.

No entanto, a associação fala num decréscimo de vendas ao longo deste ano, “que é maior em quantidade do que em volume de negócios devido à evolução positiva dos preços médios”.

No vinho do Porto destaca-se o mercado nacional com uma evolução “muito positiva” e que tem compensado, em parte, a quebra nas exportações até outubro, designadamente “menos 8,5% em quantidade e menos 5,7% em volume de negócios”.

Os dados da ViniPortugal, entre janeiro e outubro, revelam que, excluindo o vinho do Porto, as exportações aumentaram 4,39% em valor, 1,34% em volume e 3,01% no que se refere ao preço médio, face a igual período de 2021.

Também as referências vínicas da Quanta Terra, empresa de Favaios, recentemente nomeada Best of Wine Tourism 2023, estão a ter uma procura 20% superior ao mesmo período de 2021. O responsável Celso Pereira regista “uma grande procura pelos topos de gama”, como é o caso dos vinhos de edição especial Tinto 2017 e Espumante 2018 produzidos em parceria com a artista plástica Joana Vasconcelos e colocados no mercado a um preço médio de 750 euros, em caixas de três garrafas. Celso Pereira criou a empresa com Jorge Alves, fundada em 1999, em torno do conceito Arte e Vinho.

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