Greve nos portos custa mais de 100 milhões de euros por dia

Transitários estimam que greve dos trabalhadores das administrações portuárias, que esta sexta-feira voltou a paralisar as operações, tem impacto diário de “100 a 150 milhões" na economia portuguesa.

A Associação dos Transitários de Portugal (APAT) estima que a greve dos trabalhadores portuários, que abrange as várias infraestruturas do continente, Madeira e Açores, poderá ter “um impacto no comércio internacional de cerca de 100 a 150 milhões de euros por dia no país”, considerando “as características e a dimensão” da paralisação iniciada a 22 de dezembro.

A organização empresarial liderada por Paulo Paiva, diretor da Geocargo, apela a um “entendimento o mais rapidamente possível”, pois “além dos prejuízos causados diretamente às empresas e às pessoas, causa igualmente prejuízos à imagem de Portugal e dos portos portugueses”.

Esta sexta-feira é mais um dia na greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP). Até ao final de janeiro, se não for, entretanto, desconvocada, vai repetir-se às segundas e sextas-feiras (as próximas a 9, 13, 16, 20, 23, 27 e 30 de janeiro). A paralisação leva as fábricas portuguesas a temer atrasos nas encomendas e subidas nos custos de produção.

“Depois de acontecimentos demasiadamente penalizantes para todos, desde a Covid-19, a guerra, a inflação e o preço da energia, entendemos que não deveremos ser a adição para eventuais crises sociais, causadas por falta de produtos de primeira necessidade e ainda mais razões para mais subidas de preços”, dramatiza a APAT, em comunicado.

Não deveremos ser a adição para eventuais crises sociais, causadas por falta de produtos de primeira necessidade e ainda mais razões para mais subidas de preços.

Associação dos Transitários de Portugal (APAT)

Reclamando que todos os agentes do setor devem entender a sua importância neste processo e ter um “posicionamento mais conciliador”, os transitários dizem compreender o direito à greve dos trabalhadores, mas que também têm “o direito de apelar ao bom senso de todos os intervenientes neste processo, desde os trabalhadores, das administrações portuárias e da tutela”.

Também a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (Agepor) já veio considerar, no início desta semana, que o retorno das greves aos portos portugueses é um “péssimo sinal” para o setor, avisando para o “risco de gradualmente ver os portos portugueses conotados como locais de frequente conflitualidade laboral”.

Em entrevista ao ECO, o presidente do SNTAP, Serafim Gomes, organização que por “uma questão de independência não está, nunca esteve e nunca estará” filiado na CGTP ou na UGT, chama o ministro das Finanças, Fernando Medina, à mesa das negociações. O líder da greve sublinha que “o Governo devia ter um bocado mais de consideração com os danos que as empresas estão a sofrer”, mas recusa assumir a culpa pelos prejuízos.

Ministério da Economia “acompanha” greve

Através de fonte oficial, o Ministério da Economia e do Mar, liderado por António Costa Silva, indicou ao ECO que está a “monitorizar e acompanhar” esta situação nos portos nacionais, que estão sob a tutela do Ministério das Infraestruturas, que esta semana, depois da demissão de Pedro Nuno Santos, passou a ser liderado por João Galamba.

Contactada pelo ECO, a Associação dos Portos de Portugal (APP) indicou que o balanço sobre esta paralisação só será efetuado no final do período de greve.

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