Exclusivo 40% dos recrutadores querem mudar de trabalho em 2023
"É urgente oferecer condições salariais, de trabalho no geral, mas também emocionais, robustas aos recrutadores. A razão é muito simples: uma empresa que não recruta bem, não é competitiva."
Os profissionais que fazem recrutamento e seleção também estão atentos ao mercado e cada vez mais interessados em experimentar novos projetos. Este ano, 40% dos recrutadores têm intenções de mudar de trabalho, um valor que é 11,9 pontos percentuais superior ao apurado no ano passado. A questão salarial e as condições de trabalho em geral justificam o desejo de mudança. Além disso, 64,5% dos inquiridos afirma recrutar há um ano, ou menos, para a empresa para a qual trabalha, o que revela uma alta rotatividade, conclui o “Arbarometer 2022”, a que o ECO Pessoas teve acesso.
“É alarmante que, em 2021, 60,6% dos inquiridos mencionem recrutar há um ano, ou menos, para as empresas onde se encontravam a trabalhar, e que em 2022 a mesma questão aponte que este valor é correspondente a 64,5%. Esta pergunta é, em si, muito elucidativa da fragilidade da circunstância laboral atual dos recrutadores e sai reforçada pela estimativa apurada de 28,1% dos inquiridos que sugeriam na edição de 2021 pretender abandonar as suas empresas durante o ano de 2022, e agora 40% que sugere pretender fazê-lo em 2023″, comenta Margarida Partidário, fundadora da Arboreall.
O principal motivo que faz com que os profissionais de RH queiram abandonar a atual empresa é a falta de melhoria salarial e as condições no geral (44%). Na edição anterior, esta era a segunda causa mais apontada pelos recrutadores para justificarem a sua vontade de saírem das empresas onde se encontram. A primeira era a falta de oportunidades de crescimento na organização.
“Os especialistas em aquisição de talento não poderão recrutar bem se não conhecerem bem o negócio e a cultura organizacional da empresa onde se encontram e para tal precisam de permanecer por um período superior a um ano. É, sem dúvida, urgente oferecer condições salariais, de trabalho no geral, mas também emocionais, robustas aos recrutadores e a razão é muito simples: uma empresa que não recruta bem, não é competitiva no mercado e uma empresa que não é competitiva no mercado, não é sustentável no tempo”, defende Margarida Partidário.
É, sem dúvida, urgente oferecer condições salariais, de trabalho no geral, mas também emocionais, robustas aos recrutadores e a razão é muito simples: uma empresa que não recruta bem, não é competitiva no mercado e uma empresa que não é competitiva no mercado, não é sustentável no tempo.
Em 2022, 13% dos inquiridos pela Arboreall recebiam um valor salarial máximo de 714 euros por mês, e 44% recebiam entre 714 euros e 1.428 euros mensais.
Além da falta de melhoria salarial e condições no geral, os inquiridos apontam a falta de crença na gestão da empresa (32%) e a falta de oportunidades de crescimento (30%) com as principais razões para a vontade de mudar de trabalho em 2023.
Os dados do estudo sugerem que o perfil do recrutador em Portugal em 2022 era de uma mulher, entre os 25 e os 30 anos, com um mestrado concluído em Gestão de Recursos Humanos, um contrato de trabalho sem termo formalizado com o empregador, a trabalhar num formato híbrido e com um salário mensal que começa nos 714 euros e pode alcançar os 1.428 euros.
Apenas 13% dos processos de recrutamento foram em formato presencial
Uma das conclusões do “Arbarometer 2022” é que o híbrido veio, de facto, para ficar. E o recrutamento, embora esteja a despedir-se do plano exclusivamente remoto, passa, quase sempre, pela distância de um ecrã. Em 2022, 47% dos processos de recrutamento aconteceram no formato híbrido, misturando o plano virtual e o presencial, seguindo-se os 39% que decorreram em ambiente totalmente remoto. Apenas 13% dos processos de recrutamento e seleção aconteceram de forma totalmente presencial. O LinkedIn, a Landing.Jobs e o Glassdoor são as plataformas mais utilizadas as atividades diárias de recrutamento.
“Acreditamos que os dados de 2021 foram uma consequência direta da pandemia e que os dados de 2022 são já uma estabilização das conjunturas nacional e global (no que ao regresso à normalidade laboral diz respeito). Contudo, vemos esta estabilização como inerente a uma fase de transição que, aliada à crescente digitalização e globalização das empresas, tenderá a potenciar o formato de recrutamento remoto”, afirma Margarida Partidário.
Os dados sugerem que 47,5% dos processos de recrutamento levados a cabo pelos recrutadores inquiridos foram realizados no formato híbrido, o que representa uma subida de 14,4 pontos percentuais comparativamente aos valores identificados na edição anterior do estudo. Já a quantidade de processos de recrutamento e seleção em formato remoto corrigiu, passando de 60,6%, em 2021, para 39,3%, em 2022. Finalmente, o formato presencial, no escritório, aumentou 6,3 pontos percentuais, de 6,8% para 13,1%.
A fundadora da Arboreall acredita, contudo, que o formato remoto é a “grande tendência”. “Permitirá as empresas captarem talento em qualquer parte do mundo, não ficando apenas restritas às fronteiras nacionais ou europeias (especialmente no que ao talento digital e tecnológico diz respeito, que é parco nestas geografias comparativamente a outras).”
Nesta linha de pensamento, o formato híbrido — que agora predomina — será apenas parte do caminho. “É a construção do caminho para o formato remoto e, nesta fase, proporciona já uma economia financeira e de tempo considerável às empresas, e candidatos, bem como um maior alcance na captação de talento (regional ou internacional)”, defende Margarida Partidário.
“Paralelamente a este questionário, temos tido a oportunidade de realizar outros estudos, nomeadamente entrevistas diretas a recrutadores, e alguns deles mencionam mesmo que as suas empresas (essencialmente multinacionais de base digital e tecnológica) já realizavam os seus processos de recrutamento apenas em formato remoto entre três a quatro anos antes da pandemia“, acrescenta ainda.
Já no que toca às plataformas, aplicações e softwares mais utilizados nas atividades diárias de recrutamento, o LinkedIn é um claro líder, com a quase totalidade das respostas (97,1%). Quase 30% dos inquiridos responderam ‘Outros’, mas a plataforma portuguesa dedicada a perfis tecnológicos Landing.Jobs recolheu, imediatamente a seguir, 12,8% das respostas. Já a Glassdoor, também dedicada aos perfis tecnológicos, surge em quarto lugar, com 8,8% das respostas.
A predominância de plataformas de recrutamento tech explica-se com o perfil mais procurado no mercado de trabalho em 2022, o perfil de tecnologia (74%). Do pódio dos perfis mais recrutados fazem ainda parte o perfil de negócio (32%) e retail (11,3%).
O “Arbarometer 2022” contou com um total de 478 participantes, entre os quais recrutadores de empresas como a Volkswagen, Unilever, Norauto, Capgemini, Bosch, Glintt, DHL Express, Mastercard, Nokia, Cisco, Deloitte, Adidas, entre outras. É a segunda edição da iniciativa “Arbarometer”, um barómetro, levado a cabo pela empresa especializada em RH.
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