Fórum para a Competitividade estima crescimento do PIB entre 0% e 2% em 2023
O Fórum para a Competitividade antecipa que "o ano de 2023 será de uma fortíssima desaceleração", mas diz ser "possível que a recessão técnica estimada não se venha a materializar".
O Fórum para a Competitividade prevê que 2023 será um ano de “fortíssima desaceleração”, com a economia a crescer entre 0% e 2%, regressando em 2024 “a um crescimento mais próximo do potencial”, entre 0,5% e 2%. Nas ‘Perspetivas Empresariais’ relativas ao quarto trimestre de 2022, o Fórum para a Competitividade antecipa que “o ano de 2023 será de uma fortíssima desaceleração”, mas diz ser “possível que a recessão técnica estimada não se venha a materializar”.
Conforme explica, “esta recessão ocorreria entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, bastando que não tenha havido quebra no último trimestre do ano passado para evitar a recessão“. Ainda assim, o Fórum considera que este ano “enfrenta dificuldades muito significativas, com o arrastar da guerra na Ucrânia, o abrandamento da economia mundial, a crise energética, a resistência da inflação a ser domesticada, a subida das taxas de juro e dos diferenciais de crédito”.
Já em 2024, acrescenta, “a economia regressaria a um crescimento mais próximo do potencial, momento em que será confrontada com o nível demasiado baixo deste potencial”. “Nos últimos tempos, a conjuntura tem sido demasiado instável, o que tem dificultado a leitura da capacidade estrutural do nosso PIB [Produto Interno Bruto], mas no próximo ano as nossas fragilidades estruturais tornar-se-ão mais evidentes”, sustenta.
“Em resumo, o Fórum para a Competitividade estima um forte abrandamento do crescimento, de entre 6,6% a 6,7% em 2022 para entre 0% e 2% em 2023 e entre 0,5% e 2% em 2024”, conclui. Em resultado da desaceleração da economia este ano, o Fórum avisa que estarão criadas “condições para a sucessiva deterioração do emprego, mas de forma não muito pronunciada”.
“A taxa de desemprego poderá subir pouco, mantendo-se sempre abaixo dos 7%, ou seja, conseguindo persistir o ‘pleno emprego'”, refere, antecipando “um aumento ligeiro da taxa de desemprego, de entre 5,8% a 6% em 2022 para entre 5,5% para 6,5% em 2023, e a manutenção neste intervalo em 2024”. “Embora possamos assistir a despedimentos, é também provável que haja empresas que aproveitem a oportunidade para contratar”, sustenta.
Defendendo que “seria muito positivo que as dificuldades que se antecipam no mercado de trabalho permitissem a transferência de trabalhadores das empresas menores e menos sólidas para as maiores e mais robustas”, o Fórum considera, contudo, que “o enquadramento institucional não favorece esta evolução”.
Já os salários “deverão voltar a subir abaixo da inflação e, em muitos casos, mesmo abaixo dos 5,1% que foi usado como referencial para as remunerações”, o que “significa que o rendimento das famílias tem perspetivas muito limitadas no corrente ano”.
“Para além disso, o aumento das taxas de juro e das prestações do crédito à habitação deverão continuar a retirar margem para gastos correntes”, pelo que “o consumo privado deverá ser muito fraco no ano que se inicia”, enfatiza. Na análise hoje divulgada, o Fórum estima ainda “um abrandamento da inflação nacional, de 7,8% em 2022 para entre 4% e 6% em 2023 e 2% e 4% em 2024, com a generalidade dos fatores a favorecerem a sua moderação”.
Já as taxas Euribor “devem continuar a sua trajetória ascendente, mas de forma mais limitada do que em 2022”. No que se refere às exportações portuguesas, o cenário é de “desaceleração sucessiva”: “Face aos últimos três meses, registou-se uma sucessiva desaceleração da exportação de bens, com a exceção mais significativa dos EUA. Para além disso, também se registou um abrandamento da subida do preço unitário, de 18,4% em agosto para 13,0% em novembro”, recorda.
Por sua vez, “as importações também têm estado num movimento equivalente, mesmo as de combustíveis, que em outubro e novembro se fixaram nos menores valores do ano”. Neste contexto, o Fórum para a Competitividade entende que “a deterioração das perspetivas internacionais deve continuar a afetar as exportações” portuguesas, “enquanto a relativa estabilização do preço dos combustíveis deve contribuir para limitar o impacto sobre as importações”.
Na zona Euro, as previsões são de que o PIB “poderá escapar à recessão técnica, porque tem lidado melhor com a crise energética do que o esperado, quer devido à descida dos preços da energia, quer com a diminuição do consumo (facilitado pelo Inverno ameno), quer com a captação de fornecimentos alternativos”. “Ainda assim — nota o Fórum – o crescimento deve ser tímido em 2023, só melhorando em 2024”.
“A conjuntura internacional está em deterioração, devido à incerteza elevada associada à invasão da Ucrânia, à crise energética e à subida generalizada das taxas de juro e dos prémios de risco”, explica. Já em Portugal – que, “entre 2019 e 2022, cresceu em média apenas uma décima acima da média da UE [União Europeia]” –, o Fórum para a Competitividade considera que “a taxa de crescimento do PIB de 2022 (entre 6,6% e 6,7%) não deve ser sobrevalorizada”.
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