“Tudo se resume às pessoas”, diz João Vieira de Almeida

  • ADVOCATUS
  • 19 Janeiro 2023

“Learning with a Purpose – Um Universo de Oportunidades para Pessoas e Organizações” foi o mote do Encontro de Academias Corporativas deste ano, organizada pela VdA Academia, em parceria com o ECO.

Sob o mote “Learning with a Purpose – Um Universo de Oportunidades para Pessoas e Organizações”, o Encontro de Academias Corporativas – organizado pela VdA Academia em parceria com o ECO e a Advocatus — realizou-se no dia 19 de janeiro. O evento centrou-se na análise e discussão dos desafios e perspetivas de futuro das Academias Corporativas e áreas de learning enquanto elementos estratégicos, ativadores do propósito e potenciadores do negócio das organizações.

Superado o período pandémico, que obrigou muitas áreas de learning a reinventarem-se, seguem-se agora novos desafios, responsabilidades e possibilidades de crescimento. Com este reconhecimento indiscutível, de que forma as Academias de Formação e áreas de Learning poderão elevar-se estrategicamente e que papel desempenharão para definir e implementar o propósito das suas organizações? Que novas estratégias e práticas poderão ser desenvolvidas nos próximos anos para conseguirmos estruturas de formação ainda mais ágeis, fortes, ambiciosas, alinhadas e preparadas para evoluir com as suas organizações e com o seu propósito?

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
Margarida Couto, Presidente VdA Academia
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

O “pontapé de saída” na conferência foi dado por Margarida Couto, presidente da VdA Academia, que começou por sublinhar que este tipo de encontros é uma “plataforma de colaboração” entre as empresas.

“Vimos este encontro como uma forma de criar uma plataforma de colaboração entre as várias academias. Cada vez mais empresas têm academias corporativas”, disse.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
Sandar Pedro Serrano, CEO VdA Academia
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Já para a CEO da VdA Academia, Sandra Pedro Serrano, as áreas de learning e os departamentos de desenvolvimento de competências tiveram um trabalho árduo em tempos pandémicos. “Conseguimos os melhores resultados possíveis, mas precisamos de mais. Como podemos ser mais proativos?”, questionou.

Os participantes desta conferência preencheram no momento da inscrição um questionário – “Qual o futuro das Academias Corporativas?” – e que serviram de mote para as reflexões que foram tidas neste encontro.

Os resultados demonstram que 85% dos participantes consideram essencial investir na área de learning, 70% no alinhamento entre esta área com a estratégia e o propósito da organização e 65% na presença de área interna de learning. Por fim, 55% considera que a realidade atual do learning nas organizações é de equipas reduzidas.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
VII Encontro de Academias Corporativas VdAHugo Amaral/ECO

No que toca aos maiores desafios 70% dos participantes respondeu que prendem-se com a dificuldade na avaliação do impacto das formações/iniciativas e ainda com a escassez de recursos humanos. Por outro lado, 56% consideram que o maior desafio é os recursos financeiros.

Participação ativa dos colaboradores, integração do digital no learning e a criação de comunidades integradas de conhecimento foram algumas das iniciativas sugeridas pelos participantes para as organizações apostarem no futuro.

“Tudo se resume às pessoas”, diz João Vieira de Almeida

João Vieira de Almeida, senior partner da VdA, foi um dos oradores neste encontro e partilhou com a plateia o “propósito” da firma de advogados.

“O propósito não é a missão ou a visão. Não são os valores. Não é a cultura. É verdadeiramente o porquê de estarmos aqui. Depois de o compreendermos, temos de ser capazes de o viver”, notou.

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João Vieira de Almeida, Senior Partner VdA
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Segundo o senior partner, o propósito é uma espécie de “farol originário” ou uma “pedra angular” da própria organização, que funciona como uma baliza, uma orientação e que define as limitações das ações e dos processos de decisão.

“O propósito está no centro. No centro de tudo. A criação da VdA Academia, que é um marco do qual temos um imenso orgulho, é uma tradução dessa forma, dessa razão de existir. Foi criada a pensar nas pessoas e como um investimento nas nossas próprias pessoas. Esse foi o objetivo principal”, sublinhou.

João Vieira de Almeida explicou ainda que a ligação entre o propósito e as academias corporativas são as pessoas. “À medida que fui ficando velho, fui percebendo que no fim do dia todas as organizações são fruto das pessoas. Tudo se resume às pessoas”, notou.

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João Vieira de Almeida, Senior Partner VdA
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Garantiu que a capacitação das pessoas é hoje uma preocupação de qualquer organização. Admitiu ainda que vê a VdA Academia como uma ferramenta essencial na diferenciação e no nosso sucesso do escritório. O senior partner relembrou que a academia é um das materializações do propósito do escritório.

“Our energy and heart drive a better tomorrow”

Fátima Coelho e Silva, L&D Manager da EDP, partilhou com a plateia que o ano de 2022 fez a empresa repensar as suas ambições, face a todos os fenómenos como a inflação, quiet quitting, guerra, etc.

Entre os desafios identificados no ano passado está o desenvolvimento de news skills, novos métodos de trabalho, novos comportamentos, novas culturas e lideranças.

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Fátima Coelho e Silva, L&D Manager EDP
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Explicou que a EDP definiu três eixos estratégicos que guiam a empresa: farol, pessoas e aprender com as pessoas e adiantou que querem ser pioneiros na transição energética.

Com o slogan Our energy and heart drive a better tomorrow”, Fátima Coelho e Silva apresentou o que pretendem no futuro. “Este é o lema que nos guia para o melhor amanhã. Este é o nosso propósito. A nossa energia, o nosso coração leva-nos a um futuro melhor”, disse.

A L&D Manager da EDP explicou que a “energia” do slogan é toda a experiência que cada um traz e coloca na organização. O “coração” são as pessoas. Já a “condução” é a ambição de ser líderes.

Com cerca de 13.000 colaboradores espalhados por todo o mundo, na EDP foi estabelecido um “Global Development Mindset”, que serve para avaliar cada um dos colaboradores a três níveis: desempenho, skills e agilidade.

O futuro e as pessoas

O último painel, sob o tema “Um Universo de Oportunidades para Pessoas e Organizações”, foi composto Sandra Brito Pereira, diretora de Recursos Humanos do Banco Montepio, Rita Roque Figueiredo, RH Manager da Fidelidade, Paulo Rodrigues da Silva, fundador e CEO da Miles in The Sky, e Jaime Ferreira da Silva, managing partner da Dave Morgan. A moderação ficou a cargo de Filipa Ambrósio de Sousa, editora do ECO/Advocatus.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
VII Encontro de Academias Corporativas VdAHugo Amaral/ECO

Sobre o futuro das learning, Sandra Brito Pereira mostrou-se otimista. Revelou que há vários anos, na primeira academia que constituiu, esta área era mais tácita e adjacente.

“Hoje em dia sinto que passamos de uma contextualização mais tácita para fazer parte daquilo que é a parte mais estratégica e tácita da empresa e do negócio”, referiu.

A diretora de Recursos Humanos do Banco Montepio sente que atualmente são um braço da estratégia da organização. “A academia do Montepio faz parte integrante da concretização daquilo que queremos enquanto estratégia do grupo”, sublinhou.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
Sandra Brito Ferreira, DRH Montepio
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Já Paulo Rodrigues da Silva considerou que as academias de conhecimento são uma evolução relativamente a outras experiências que foram acontecendo, como o learning mais simples. “Esta tendência é inevitável. Entidades que tenham dimensão suficiente para as justificar é fundamental”, disse.

Sobre o futuro, o fundador e CEO da Miles in The Sky considerou que um dos grandes desafios da área é conseguir criar a interação do mundo online. “O mundo vai ser virtual. As empresas têm pessoas distribuídas pelo mundo”, sublinhou.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
Paulo Rodrigues da Silva, CEO Miles in the Sky
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Numa perspetiva de se prepararem para o futuro, Rita Roque Figueiredo explicou que na Fidelidade tem sido inevitável o investimento na formação. “Nós sentimos que nunca é suficiente. Se o mundo está a mudar, a forma como trabalhamos também está a mudar. As exigências dos nossos clientes também são diferentes”, alertou.

A RH Manager da Fidelidade explicou que no pós-pandemia tiveram de reinventar formas e formatos de como chegar às pessoas e as envolver. Segundo Rita Roque Figueiredo, o propósito da empresa está ligado à aprendizagem: “antecipar mudanças e preparar as nossas pessoas para aquilo que o futuro nos vai dar”.

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Rita Roque Figueiredo, RH Manager Fidelidade
VII Encontro de Academias Corporativas VdA
Hugo Amaral/ECO

Também Jaime Ferreira da Silva defendeu que as academias têm uma grande vantagem relativamente à que se instalou a partir dos anos 80. “Na altura as pessoas tinham uma postura passiva, porque a formação era decidida por quem de direito na organização”, disse.

Para o managing partner da Dave Morgan, as academias trazem duas vantagens: a capacidade de existir advisers; e a corresponsabilização dos indivíduos.

VII Encontro de Academias Corporativas VdA - 19JAN23
VII Encontro de Academias Corporativas VdAHugo Amaral/ECO

Sobre as pessoas, Jaime Ferreira da Silva admite que para reajustar “cabeças” é necessário tempo. “A velocidade de mudança nos seres humanos é sempre inferior à necessidade de mudança”, acrescentou.

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