Autoclismos de Aveiro ainda têm 300 mil euros por recuperar na Rússia

“Embora a atividade esteja abaixo” do nível antes da guerra, a OLI mantém a fábrica com 42 trabalhadores perto de Moscovo. Cancelou investimento fabril, mas filial continua a ter dívidas por saldar.

Quase um ano depois do início da guerra na Ucrânia, a OLI mantém em funcionamento a fábrica na Rússia, que tem 42 funcionários e abastece o mercado local, “pese embora o nível de atividade esteja abaixo dos anos anteriores”, assume ao ECO o administrador, António Ricardo Oliveira, acrescentando que apenas os investimentos previstos no valor de 750 mil euros foram “cancelados”.

Quando Vladimir Putin decidiu invadir o território ucraniano, a dívida da filial russa à casa-mãe portuguesa era superior a 2,5 milhões de euros. Apesar de ter conseguido reduzir este montante ao longo do ano passado, a exposição do grupo industrial de Aveiro está ainda em “valores próximos dos 300 mil euros”, contabiliza o gestor, que mantém a “perspetiva de saldar todas as dívidas em 2023”.

António Ricardo Oliveira, administrador da OLI

Em 2021, a OLI surgia nas listagens do INE como uma das dez maiores exportadoras portuguesas para a Rússia, com vendas de autoclismos e mecanismos para cerâmicas no valor de 5,5 milhões de euros. Em conjunto com a Ucrânia, estes mercados representavam 6,3% das vendas totais, mas o conflito armado fez com que a comercialização nestes dois países tenha baixado para valores “residuais” no último exercício.

Foram a desvalorização do rublo, os custos logísticos e os constrangimentos alfandegários que em 2016 levaram a empresa portuguesa a construir uma fábrica na Rússia, onde já tinha uma filial comercial há dois anos. Aquela que foi a sua primeira unidade industrial no estrangeiro, instalada junto à capital Moscovo, produzia um total de 400 mil mecanismos e 30 mil autoclismos interiores. Poucos dias antes do início da guerra, as previsões apontavam para um aumento de 30% nas vendas naquele mercado, para 7,5 milhões de euros.

Já no que toca à atividade comercial na Ucrânia, António Ricardo Oliveira sublinha apenas que continua a “suportar o representante no mercado, embora as vendas sejam residuais”.

Exportações pesam dois terços do negócio

Em termos globais, a faturação da OLI, que se apresenta como o maior produtor de autoclismos da Europa do Sul, teve um crescimento homólogo de 7%, para 75,5 milhões de euros, que diz ter sido impulsionado, sobretudo, pelos mercados do Norte de África. Em particular, o Egipto e a Tunísia, que aumentaram as compras em 142% no ano passado, e mais do que compensaram as perdas na Europa – só o mercado nacional teve um comportamento positivo, valendo agora 23% do negócio.

Num novo valor máximo para o grupo familiar aveirense, as exportações de autoclismos, placas de comando e mecanismos cresceram 16% em 2022 e passaram a representar 75,6% do total de vendas. Estas soluções de banho desenvolvidas e produzidas no complexo industrial em Aveiro, onde está a completar um investimento de 12 milhões de euros para ampliar as instalações, foram enviadas para mais de 85 países espalhados pelo mundo.

Complexo industrial da OLI em Aveiro

“Em 2023, conscientes da incerteza e da instabilidade na Europa, iremos apostar em geografias como o Norte de África e o Médio Oriente, onde queremos consolidar os resultados obtidos no ano passado e crescer ainda mais em vendas. Para concretizarmos os objetivos de crescimento, iremos apostar na melhoria do serviço ao cliente e no lançamento de novos produtos com maior incorporação de tecnologia e valor acrescentado”, completa António Ricardo Oliveira.

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