Vaticano demarca-se de qualquer responsabilidade no custo do altar-palco
“A organização do evento é local” e, por isso, a decisão relativamente ao custo recai sobre a Câmara Municipal de Lisboa, indica o Vaticano.
O Vaticano não tomou parte em qualquer decisão sobre a construção e custo do polémico altar-palco da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, remetendo responsabilidades para a autarquia de Lisboa, de acordo com a Agência Católica de Informação (ACI). O diretor do gabinete de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, citado pela ACI, explicou que “a organização do evento é local” e, por isso, a decisão relativamente ao custo recai sobre a Câmara Municipal de Lisboa.
Em causa está o polémico altar-palco, onde o papa Francisco deverá celebrar a missa de encerramento da JMJ, cujo custo ronda os cinco milhões de euros, de acordo com os contratos adjudicados por ajuste direto, disponíveis no Portal Base. “As especificações daquele palco foram definidas em reuniões que tivemos com a Jornada Mundial da Juventude, com a Igreja e com a Santa Sé [Vaticano]”, disse Carlos Moedas, presidente da autarquia lisboeta, na terça-feira, quando questionado sobre os custos da obra entregue à construtura Mota-Engil.
A igreja pretende que a infraestrutura tenha capacidade para suportar duas mil pessoas em simultâneo. A Jornada Mundial da Juventude 2023 decorrerá entre 1 e 6 de agosto. O bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, coordenador do evento em Lisboa, disse na quarta-feira, em conferência de imprensa que “não sabia nem tinha que saber” do custo da obra, rejeitando que resulte de qualquer imposição por parte da igreja portuguesa, que apresentou requisitos que eram “sugestões” e não “imposições”.
Disse também que o valor que veio a público “magoa todos” e que está agendada uma reunião para a próxima semana com os técnicos da Câmara Municipal de Lisboa e da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), responsável pelo projeto, para tentar eliminar o que for possível eliminar.
A obra de construção do altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a missa final vai custar 4,2 milhões de euros à Câmara de Lisboa, numa empreitada atribuída por ajuste direto. Segundo a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação pública, “a construção foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)”, somando-se a esse valor “1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura”.
A Câmara de Lisboa justificou na quarta-feira o investimento no altar-palco com as necessidades do evento e as características do terreno, sublinhando que a estrutura poderá receber 2.000 pessoas, metade dos quais bispos, e continuará depois a ser utilizada.
Na terça-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu que sabia que a construção do altar-palco iria ficar muito cara, acrescentando que será realizada com as especificações indicadas pela Igreja Católica. A oposição na autarquia queixou-se de “falta de transparência” e o partido Chega já requereu a presença de Carlos Moedas no parlamento para explicar os custos do evento.
Na quarta-feira, a Fundação JMJ comprometeu-se a divulgar, ao longo do projeto, “os custos e os investimentos” do “acontecimento inédito para o país” que “são da sua responsabilidade”. A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto. Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolher o encontro de 2022, que transitou para 2023 devido à pandemia de covid-19.
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