Prestação da casa dispara até 300 euros em fevereiro

Famílias com crédito da casa começam a sentir agora maior impacto da subida das taxas de juro que teve lugar na segunda metade de 2022. Em fevereiro, os aumentos poderão chegar perto dos 300 euros.

A prestação da casa vai voltar a subir no próximo mês. Os aumentos vão chegar até perto dos 300 euros para os contratos cujas condições vão ser revistas em fevereiro, segundo as simulações realizadas pelo ECO. Isto acontece numa altura em que as famílias começam a sentir, de forma mais intensa, o impacto da aceleração das taxas Euribor que teve lugar na segunda metade do ano passado.

As taxas de juro que servem de base ao cálculo da prestação do crédito à habitação continuam sem dar sinais de alívio no arranque de 2023, depois de terem disparado no segundo semestre de 2022. Esta quinta-feira o Banco Central Europeu (BCE) volta a reunir-se e em cima da mesa do conselho de governadores está nova subida dos juros de referência na Zona Euro, na ordem dos 50 pontos base, ainda que os últimos dados da inflação sugiram que o pico já tenha ficado para trás.

Neste cenário, quem tem crédito da casa com taxa variável está a sentir um forte impacto do agravamento dos juros – em Portugal, mais 90% dos 1,3 milhões de contratos têm taxa variável – ao mesmo tempo que enfrenta um forte aumento do custo de vida. Contudo, com o disparo das Euribor que teve lugar na segunda metade do ano passado, o maior embate da subida dos juros começa agora a atingir os bolsos das famílias, à medida que os contratos vão incorporando indexantes (sobretudo com prazos mais alargados de seis e 12 meses) com valores bem mais elevados do que na anterior revisão. Por exemplo, a média mensal da Euribor a 12 meses era negativa há um ano e está agora acima dos 3,3%. E no prazo a seis meses, a média mensal do indexante subiu dos 0,8% em agosto para os 2,8% neste mês. Estes dois indexantes estão presentes em 70% dos contratos.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%. As simulações mostram que as prestações vão aumentar no próximo mês entre 70 euros e quase 300 euros, consoante o indexante utilizado:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 660 euros, mais de 73 euros (+12,6%) em relação à prestação que pagava desde novembro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá superar os 700 euros, um aumento de cerca de 188 euros (+36%) em relação à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 745 euros, quase mais 295 euros (65,5%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O impacto da subida das Euribor vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. Em dezembro, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos era de 62.004 euros, o que significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

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Para ajudar as famílias que estão a sentir maiores dificuldades em pagar a prestação ao banco, fruto da subida expressiva das Euribor para máximos de 14 anos, o Governo avançou no final do ano passado com novas regras para agilizar a renegociação do contrato com o banco em sede do Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI).

Até ao momento, os bancos dão conta de um cenário de “normalidade” no que diz respeito aos pedidos de renegociação dos créditos. O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) adiantou na semana passada que entre 1.000 a 2.000 famílias terão pedido para aliviar a prestação da casa face ao agravamento da despesa com o crédito da casa. Mas o cenário poderá agravar-se, pois só agora muitos contratos vão refletir a escalada das Euribor que aconteceu a partir de julho, quando o BCE começou a sua caminhada imparável na normalização da política monetária.

Euribor disparam

Fonte: Reuters

Renegociar o spread ou alongar a maturidade do empréstimos são opções a considerar com o banco no sentido de reduzir a prestação mensal. Mas, como explica aqui o ECO, nenhuma solução terá maior impacto no seu bolso do que a amortização antecipada da dívida, que permitirá poupanças imediatas e que perdurarão até ao fim do contrato. Nota importante: se optar pela amortização do crédito, deve manter uma almofada financeira para o caso de emergências ou situações inesperadas.

As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração nos últimos meses, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.

Desde o verão, o BCE já aumentou as taxas em 250 pontos base, com a taxa principal a subir dos -0,5% para os 2,0% no espaço de meio ano.

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