Ministro da Defesa da Ucrânia criticou “relutância” do Ocidente em entregar caças de combate
O ministro ucraniano assegurou ainda que as armas de longo alcance que o Ocidente prometeu entregar à Ucrânia não serão usadas para atingir o território russo, mas apenas as áreas ocupadas.
O ministro da Defesa da Ucrânia criticou este domingo a “relutância” ocidental em entregar caças de combate ao seu país, por medo de uma escalada do conflito com a Rússia, uma incerteza que, segundo ele, “custará mais vidas”.
Referindo-se à “procrastinação ou relutância” na entrega deste armamento à Ucrânia, Oleksii Reznikov assegurou, numa conferência de imprensa, que Kiev vencerá de qualquer forma, mas “custará mais vidas”.
O ministro ucraniano assegurou ainda que as armas de longo alcance que o Ocidente prometeu entregar à Ucrânia não serão usadas para atingir o território russo, mas apenas as áreas ocupadas. “Sempre declarámos aos nossos parceiros que nos obrigamos a não usar armas [fornecidas por] parceiros estrangeiros contra o território da Rússia, mas apenas nas suas unidades nos territórios ocupados temporariamente na Ucrânia”, disse.
Os Estados Unidos prometeram entregar a Kiev foguetes que poderão quase que duplicar o alcance do fogo ucraniano e atingir em profundidade as linhas de abastecimento russas.
Os ocidentais temem, no entanto, que Kiev possa usar estes meios para realizar ataques em território russo, levando a uma perigosa escalada do conflito.
O chanceler alemão afirmou este domingo em entrevista, existir “um consenso” com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que as armas fornecidas pelo Ocidente não devem ser utilizadas para ataques em território russo. “Há um consenso sobre este ponto”, afirmou Olaf Scholz ao semanário Bild am Sonntag, sobre a decisão dos aliados da Ucrânia de fornecer tanques e foguetes de longo alcance.
De acordo com Reznikov, os russos “moveram os seus quartéis-generais, postos de comando, munições e armazéns de combustível para a 100 quilómetros [da linha da frente]” para que não possam ser alcançados pelos ucranianos.
“Isso torna a situação difícil para eles do ponto de vista logístico, mas ainda lhes permite que se preparem para avançar”, prosseguiu Reznikov, que reafirmou esperar uma ofensiva russa de grande escala em fevereiro. O ministro considerou que as armas ocidentais “não terão tempo de chegar antes” dessa ofensiva, mas os ucranianos terão “recursos e reservas” para resistir.
As tropas russas tiveram um pequeno progresso nas últimas semanas no Leste, onde ocorre a maior parte dos combates, aumentando a pressão principalmente na cidade de Bakhmut, epicentro do conflito.
Questionado sobre uma possível retirada de Bakhmut, Reznikov garantiu este domingo que a cidade ainda é “uma fortaleza, um símbolo”, mas que a decisão caberá ao Estado-Maior ucraniano.
Os aliados da Ucrânia comprometeram-se a fornecer “entre 120 e 140″ tanques, de fabrico ocidental, de vários países. A Alemanha vai entregar 14 tanques Leopard 2. Também Portugal vai ceder às Forças Armadas ucranianas tanques Leopard 2, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, sem adiantar quantos.
Além dos tanques, a Ucrânia vai receber ainda foguetes GLSDB (Ground Launched Small Diameter Bomb), que poderiam quase duplicar o alcance da força de ataque ucraniana, anunciou o Pentágono, na sexta-feira.
Estes mísseis podem atingir um alvo a 150 quilómetros de distância, ameaçando assim as posições russas atrás das linhas da frente.
A invasão russa, justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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